A data limite para as filiações partidárias é 2 de abril próximo. Só poderá ser candidato a qualquer cargo eletivo no pleito deste ano, quem, naquele dia, estiver filiado a um dos mais de 30 partidos existentes no Brasil. Coincidentemente, termina no dia primeiro de abril o prazo para quem tem mandato parlamentar, querendo, trocar de partido. E pela exiguidade do tempo, e a indefinição do cenário da sucessão presidencial, o momento é de tensão para a maioria dos protagonistas das eleições deste ano, notadamente quanto à disputa das vagas na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Mas, também há troca envolvendo políticos bem sucedidos, como foram as anunciadas pelo ex-presidente da Assembleia, deputado Zezinho Albuquerque, saindo do PDT para entrar no PP, e do deputado federal Capitão Wagner, deixando o PROS para ingressar no União Brasil.

No sentido de atrair novos filiados, alguns dirigentes partidários tentam sensibilizar atuais deputados ou pretensos candidatos, com perspectiva de conseguirem até 40 mil votos na disputa de vagas na Assembleia Legislativa, a filiarem-se aos seus respectivos grêmios, fazendo crer a esses que, com esse total de votos eles podem ser eleitos, quando, de fato, isso pode não ser verdade e os incautos, ou encantados com o canto da Sereia são chamados apenas para ajudar a eleger um ou dois filiados especiais dessas agremiações, que, quase sempre são parentes ou afilhados dos donos dessas siglas. A quantidade de familiares de dirigentes partidários candidatos é realmente significativa. De fato, pelo quadro atual, muitos candidatos à Assembleia poderão ficar na suplência com até 50 mil votos.

Se fôssemos ouvir com seriedade a argumentação de alguns dos que ainda buscam adesões para formações de chapas completas dos seus partidos aos Legislativos, mais de cem deputados seriam eleitos para a Assembleia e uns quarenta ou mais conquistariam cadeiras na Câmara Federal, quando, oficialmente, só 46 são as vagas na Assembleia e 22 as da Câmara dos Deputados. Inflar o número de prováveis eleitos para cada uma dessas Casas é uma das alegações para sensibilizar a quem quer disputar mandatos, estando no limite muito inferior ao do quociente eleitoral, o definidor do número de votos para a vitória dos concorrentes. A tendência é tudo isso continuar até o dia 31 de março, pois a partir daí nada poderá ser modificado.

Também as mudanças que ocorrem envolvendo pretensos candidatos de poucos votos, quase nenhuma interferência haverá no processo eleitoral, diferentemente das relacionadas a Zezinho Albuquerque e Capitão Wagner. O primeiro quer ser candidato a governador, e o segundo já o é. Wagner enfrentou uma batalha para conseguir ter o comando do União Brasil no Ceará, uma das maiores agremiações do País, resultado da fusão do PSL com o DEM. O partido lhe dará um grande respaldo para o seu objetivo político, a partir de um bom tempo para a propaganda eleitoral, como substanciosa ajuda financeira, pois nacionalmente será a agremiação que mais receberá recursos do Fundo Eleitoral, pelo somatório de deputados federais que PSL e DEM elegeram em 2018.

Zezinho Albuquerque mantém a disposição de concorrer ao Governo, embora persiga o apoio da base governista, onde está o PDT que não quer abrir mão de ter o seu candidato a governador. O PP, novo partido de Zezinho, também tem uma boa estrutura nacional e quer ter um candidato majoritário no Ceará, oferecendo as condições básicas para garantir a campanha. O deputado federal AJ Albuquerque, filho de Zezinho, é o presidente estadual do partido e por suas ligações com a cúpula nacional da agremiação, tem sido cobrado a estimular a candidatura do pai, cuja base eleitoral no Interior é expressiva. Zezinho, mesmo no PDT, já trabalhava o crescimento do PP, o que pode resultar na eleição de uma razoável bancada na Assembleia Legislativa.

Essas duas mudanças, até o final da tal Janela Partidária, podem ser as mais expressivas do período, pois a saída de dois deputados federais do PDT, por influência do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, parece que não será concretizada, embora a questão ainda não esteja fechada.

Comentário do jornalista Edison Silva sobre o assunto: