A agremiação também busca “derrotar o fascismo nas urnas e nas ruas”. Foto: Reprodução/Instagram.

Em nota oficial, a Unidade Popular (UP) decidiu por fazer campanha contra o bolsonarismo em Fortaleza que, segundo o texto, é representada pelo candidato Capitão Wagner (PROS). O partido não expressa diretamente apoio ao candidato José Sarto (PDT) e pede para os fortalezense não anularem seus votos, no segundo turno.

A sigla também agradece aos 1.721 votos obtidos por Paula Colares, pleiteante a prefeitura, e aos candidatos a  vereador Assis Leandro, Claudiane Lopes e Fábio Andrade, todos da UP.

O texto prossegue dizendo sobre a luta do partido em “expressar as necessidades do povo, da classe trabalhadora, das mulheres, do povo negro e da comunidade LGBT, com pautas e propostas importantes na luta política, na ideológica, na representatividade, sem ter medo de dizer que o povo seria o centro do nosso governo.”

Alianças

A Unidade Popular faz críticas a Wagner ao aliar-se com o senador Eduardo Girão (PROS), que “defende a retirada de direitos trabalhistas e votou pra acabar com a aposentadoria dos mais pobres, a diminuição do Benefício de Prestação Continuada e a redução das pensões por mortes”.

Ademais, a UP tece comentários contrários ao senador Tasso Jereissati (PSDB) que “vendeu o BEC e privatizou a Coelce, tornando a conta de energia mais cara, e, neste ano, comandou a reforma do marco do saneamento, que, na prática, vai privatizar a água” e à Eunício Oliveira, ex-senador da República, “aliado de Michel Temer [ex-presidente da República] que comandou a reforma trabalhista do Governo Temer, que aumentou o desemprego e as péssimas condições de trabalho no Brasil”.

Confira a nota na íntegra:

Resolução política da Unidade Popular sobre as eleições em Fortaleza

No dia 15 de novembro de 2020, a Unidade Popular (UP) enfrentou seu primeiro processo eleitoral. Após 45 dias de uma aguerrida campanha realizada pela militância percorrendo a cidade de Fortaleza, dialogando com o povo sobre as nossas propostas e a necessidade de ampliarmos a participação da classe trabalhadora, das mulheres, da juventude, dos negros e dos LGBT’s nos espaços de decisão e poder da sociedade, avançando na construção do poder popular e do socialismo.

Nossa campanha foi realizada com muito esforço e muita dedicação da nossa militância. Desenvolvemos um programa político para a cidade “Por uma Fortaleza Popular e Socialista”, no qual conseguimos expressar as necessidades do povo, da classe trabalhadora, das mulheres, do povo negro e da comunidade LGBT, com pautas e propostas importantes na luta política, na ideológica, na representatividade, sem ter medo de dizer que o povo seria o centro do nosso governo.

Construímos, sem sombra de dúvidas, a campanha mais popular em Fortaleza, em cada bairro, periferia, feira, praça, terminais e paradas de ônibus, metrô, portas das fábricas, empresas e no centro da cidade. Com poucos recursos financeiros, conseguimos realizar uma importante agitação entrando, de fato, nas raízes dos problemas sociais, denunciando o capitalismo, a carestia, a violência contra o povo pobre, o desemprego, a falta de moradia digna, o avanço da miséria, fruto da pandemia que já vitimou mais de 160 mil brasileiras e brasileiros.

Fomos o partido da campanha do FORA BOLSONARO! Não nos intimidamos em denunciar o fascismo em nosso país, representado pela figura do presidente Jair Bolsonaro e a sua política genocida contra os direitos trabalhistas, a favor dos banqueiros, das elites e contra o povo. Como também denunciamos o perigo do crescimento do fascismo em Fortaleza, e que essa política tem seu representante nas eleições municipais, o Capitão Wagner (PROS), o candidato do Bolsonaro.

Capitão Wagner representa menos direitos trabalhistas e mais violência

Capitão Wagner iniciou sua vida política afirmando que não disputaria cargos públicos. Depois da Greve da PM em 2012, onde ganhou notoriedade, ingressou no PR (Partido da República), à época, dirigido pelo grupo político do ex-governador tucano, Lúcio Alcântara.

Com um discurso de renovação na política, o que vimos do Capitão de Bolsonaro foi o contrário: aliou-se ao ex-senador Eunício Oliveira (PMDB), o mesmo que comandou a reforma trabalhista do Governo Temer, que aumentou o desemprego e as péssimas condições de trabalho no Brasil. Não bastasse, nas eleições de 2016, também esteve com o senador e mega empresário Tasso Jereissati (PSDB), aquele que vendeu o BEC e privatizou a Coelce, tornando a conta de energia mais cara, e, neste ano, comandou a reforma do marco do saneamento, que, na prática, vai privatizar a água.

Em 2020, está em aliança com o senador e empresário Eduardo Girão, que defende a retirada de direitos trabalhistas e votou pra acabar com a aposentadoria dos mais pobres, a diminuição do Benefício de Prestação Continuada e a redução das pensões por mortes.

Aliás, o empresário Eduardo Girão investiu mais de 1 milhão de reais para a campanha do seu pupilo em Fortaleza. Na verdade, os interesses do patrão Girão são os acordos e contratos que as suas empresas de serviços e terceirizações poderão fechar com Wagner ganhando a prefeitura.

No congresso nacional, atuando como deputado federal, Capitão Wagner votou contra a prorrogação do auxílio emergencial e defendeu a redução de 600 para 300 reais. Com o seu salário de 33.763,00, mais o que recebe como aposentado da PM, de fato, o Capitão não imagina as dificuldades que têm uma família para pagar aluguel e se alimentar com 300 reais.

Sempre se colocando contra a corrupção, Capitão Wagner vira as costas para os chefes de quadrilha de desvio de verbas públicas e para as rachadinhas do senador e filho do PR Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro. Ao contrário, está sempre trocando mensagens de elogios nas redes sociais com os filhos delinquentes do presidente da República.

Chacina do Curió: 5 anos de impunidade

Em 2015, 11 jovens foram covardemente assassinados, no bairro Curió, por agentes públicos de segurança, conforme denúncia do Ministério Público. O então deputado estadual Capitão Wagner, ao invés de se solidarizar com as famílias das vítimas, que perderam brutalmente seus filhos, saiu em defesa dos acusados, prometendo até acampar em frente ao presídio militar pela liberdade dos seus colegas de corporação.

Não é esse tipo de sujeito que queremos para estar à frente da prefeitura de uma das cidades do Brasil onde mais se matam jovens, negros e pobres. Esse discurso que defende a morte dos pobres é o mesmo do seu apoiador, o presidente Jair Bolsonaro, que, no começo da pandemia da Covid-19, disse que nada poderia fazer diante das milhares de vidas perdidas, pois, “e daí, eu não sou coveiro!”.

Capitão Wagner é contra a vacinação da população para a Covid-19, defende escolas para adestrar pessoas, quer privatizar a educação municipal, tornando as escolas verdadeiros quartéis- onde a disciplina será imposta pelo medo- e não espaços de aprendizagem, formação da criticidade e autonomia.

Nesse sentido, no segundo turno, temos a tarefa revolucionária de denunciar para a população de Fortaleza o que esse Capitão representa, e, para isso, defendemos o voto crítico, ou seja, para barrar o fascismo: Não vote nulo! Fora Bolsonaro! Capitão Wagner, não!

Derrotar o fascismo nas urnas e nas ruas

A UP teve 1721 votos frutos do empenho de sua militância e dos/as camaradas que assumiram essa missão de nos representar no seu primeiro processo eleitoral; a professora Paula Colares, a jornalista e liderança popular Claudiane Lopes; o professor e desportista Assis Leandro e o estudante Fábio Andrade. Foram votos de pessoas que depositaram confiança no nosso partido, nas ideias socialistas, e um chamado para que não as decepcionemos! Acreditamos que cumprimos com o nosso papel, mesmo em meio ao tão desigual sistema político brasileiro; com poucos recursos financeiros, sem tempo de TV ou rádio conseguimos ampliar nosso trabalho, tivemos votos em todas as zonas eleitorais, conseguimos conquistar corações e mentes. O voto na UP foi o voto consciente e com caráter de classe!

Nestas eleições, a Unidade Popular fez um chamado ao povo para organização, para a luta pelos nossos direitos, para derrotar o fascismo nas ruas e construirmos o socialismo.

Seguiremos firmes na luta pelo poder popular e pelo socialismo!

Diretório Municipal da Unidade Popular/Fortaleza

17 de novembro de 2020.