Priscila Costa falou em “guerra” contra o projeto de Sarto. Oposição teria apenas oito votos até o momento. Foto: Reprodução/Youtube.

Na ausência de representantes do Governo do Estado e da Prefeitura de Fortaleza, os vereadores bolsonaristas que estiveram presentes na audiência pública, realizada nesta terça-feira (07), sobre o “passaporte de vacinação” resolveram transformar o encontro em ato político contra a atual gestão municipal.

Durante o evento, eles convocaram apoiadores a pressionar outros parlamentares para que eles votem contra o projeto do prefeito Sarto que versa acerca da obrigatoriedade da apresentação do comprovante de imunização para ter acesso aos órgãos públicos do Executivo municipal.

A proposta de Sarto foi anunciada por ele nas redes sociais, mas até o início da tarde desta terça-feira (07) ainda não havia sido protocolada na Casa, embora um dos oradores da audiência pública tenha anunciado que ela acabara de chegar na Casa e poderá ser votada na quinta-feira (09).

Requerida pela vereadora Priscila Costa (PSC), a audiência pública contou com o público exclusivo de pessoas que são contrárias ao decreto do governador Camilo Santana (PT) para apresentação do passaporte vacinal em alguns estabelecimentos comerciais da cidade.

Durante a reunião, o opositor, vereador Márcio Martins (PROS), chegou a dizer que era preciso convencer seus pares para que a proposta de Sarto seja derrubada e gerar “um grande constrangimento ao governador”.

“Já que não tem ninguém para apresentar o contraditório, vamos falar para nós mesmos. A audiência teria um sentido se aqui tivessem os representantes do Governo para ouvir os argumentos técnicos. Se o prefeito envia mensagem para cá é porque ele tem ciência de que o decreto é frágil, do ponto de vista técnico”, disse Martins.

Sobre votação da proposta de Sarto, ele explicou que os 10 vereadores do PDT devem votar favoráveis à medida, assim como os três membros do PT e dois do PSOL, assim como Léo Couto (PSB), que foi autor de projeto de Indicação com o mesmo teor. Atualmente, a matéria teria oito votos contra, necessitando de outros 14 para ser derrubada.

O parlamentar apresentou a foto de 20 vereadores potenciais apoiadores à causa daqueles que negam o passaporte de vacinação para que estes sejam cobrados pela população. São eles: Ana do Aracapé, Bruno Mesquita, Cláudia Gomes, Cônsul do Povo, Danilo Lopes, Luciano Girão, Emanuel Acrízio, Estrela Barros, Eudes Bringel, Fábio Rubes, Germano Heman, Kátia Rodrigues, Marcelo Lemos, PPCEll, Professor Enilson, Tia Francisca, Welington Saboia, José Freire, Marcos Paulo. “Tentem convencê-los, não hostilizar”, observou  Martins aos presentes.

Aglomerada

“A gente sabe que o prefeito quer ampliar as possibilidades de exigência do passaporte sanitário. Ele quer que venha para órgãos públicos. E por isso é muito importante a participação desses vereadores da Casa”, destacou Priscila Costa. Durante a audiência, a parlamentar comemorou o fato de a Casa estar aglomerada. “Aqui está  hiper lotado, lotação nos corredores. A coisa mais bonita”.

Inspetor Alberto (PROS) afirmou que não se vacinou por ter imunidade baixa, e disse que esteve com o presidente Jair Bolsonaro, que confessou que 250 pessoas de seu Governo já se infectaram com a Covid-19. “De Covid eu não morro e não vou me vacinar”, afirmou ele ao fazer defesa de tratamentos ineficazes de combate à doença.

Guerra

A audiência teve conotação religiosa, ao começar com uma oração do “Pai Nosso”, ministrada pelo pai de Priscila Costa, o pastor Teixeira, e depois seguiu com alguns parlamentares citando versículos da Bíblia para justificar algum posicionamento. Deputado Delegado Cavalcante (PTB) disse que entrou na Justiça contra o decreto do governador Camilo Santana, afirmando que “o STF é quase todo esquerdista”.

Já Priscila Costa conclamou os presentes para “uma possível guerra” que se iniciaria nesta quarta-feira (08), com a leitura do projeto do prefeito Sarto. “É preciso nos prepararmos para essa batalha”, disse.

Estiveram presentes na audiência pública os vereadores: Priscila Costa (PSC), Márcio Martins (PROS), Jorge Pinheiro (PSDB), Carmelo Neto (Republicanos), Ronaldo Martins (Republicanos), Sargento Reginauro (PROS) e Inspetor Alberto (PROS). O deputado estadual Delegado Cavalcante (PTB) também compareceu.