Marcelo Queiroga esteve nesta terça-feira (09 pela segunda vez depondo na CPI da Covid. Foto: Agência Senado.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou na CPI da Covid, nesta terça-feira (08), que a Copa América de Futebol não representa riscos adicionais à população e que, do ponto de vista epidemiológico, não há justificativa para o torneio não ser realizado no Brasil.

É a segunda vez que Queiroga comparece à CPI para prestar depoimento. Ele retornou após a primeira oitiva, ocorrida no último dia 6 de maio, ter sido avaliada por senadores como contraditória e após o anúncio de que o Brasil sediaria o torneio de futebol.

Copa América

“Eu não vejo do ponto de vista epidemiológico uma justificativa que fundamente a não ocorrência do evento”, afirmou o ministro. O posicionamento de Queiroga recebeu críticas dos senadores.

O ministro reforçou que não cabe ao Ministério decidir sobre a realização do evento, que é privado, e afirmou que os protocolos apresentados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) são seguros.

“Dar ou não aval à Copa América no Brasil não é função do Ministério da Saúde. Presidente me pediu que avaliasse os protocolos. Avaliamos os protocolos da CBF e da Conmebol. Eles estão de acordo. Autoridades dos estados aceitaram”, disse em resposta ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB/AL).

Marcelo Queiroga afirmou que outros eventos esportivos estão ocorrendo no Brasil e que é exigido de todos que entram no país Teste RT-PCR, apontando que a Copa América é um evento “pequeno”, diferente de outra competições, como os Jogos Olímpicos.

“A prática de esportes e jogos é liberada no Brasil. O Campeonato Brasileiro de Futebol aconteceu com mais cem partidas em um ambiente controlado, sem público nos estádios. Não existe provas de que essa prática aumenta o nível de contaminação”, apontou.

O senador Humberto Costa (PT/PE) expôs que não é possível equiparar a Copa América a outras competições e que, além de atletas, virão milhares de funcionários das comissões técnicas e jornalistas. Ele classificou como um “equívoco” dizer que o ministério não pode interferir por se tratar de um evento privado e afirmou que cabe à principal autoridade sanitária do país vetar ou aprovar o evento em um momento de pandemia.

“É correr risco sanitário desnecessário. Vem gente de fora que pode trazer outras cepas. O Ministério da Saúde não teve o poder de aprovar ou vetar”, criticou o pernambucano.

Bolsonaro

Após o ministro afirmar que defende medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscaras para evitar a disseminação do novo coronavírus (Covid-19), senadores questionaram a postura de Queiroga ante o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Bolsonaro, em certas situações, criticou essas medidas e promoveu aglomerações. Sobre os protocolos sanitários, o titular da Saúde defendeu o cumprimento por todos os brasileiros, mas afirmou que seguir as recomendações é uma decisão particular do chefe do Executivo.

“Eu sou um ministro da Saúde. Eu não sou censor do presidente da República. Faço parte de um Governo. Presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde”, disse.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD/AM), afirmou que é “constrangedor” o ministro orientar a população a ser cuidadosa e o presidente da República não seguir as recomendações do Ministério da Saúde.

“Como fazer política dentro do Ministério da Saúde se a principal personalidade do Brasil não lhe ouve?”, questionou Omar. Em resposta, o ministro reforçou que tem feito a sua parte e defendido medidas não farmacológicas.

Lockdown

Ainda sobre medidas não farmacológicas, o ministro defendeu o fechamento de atividades em cidades a depender da situação da propagação do vírus, mas que sua principal preocupação é ampliar a vacinação e imunizar toda população com 18 anos ou mais até o final do ano. Também disse que o Governo se prepara para uma campanha de vacinação contra a Covid-19 em 2022.

Questionado pelo relator Renan Calheiros sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir que sejam declaradas inconstitucionais medidas de governadores e prefeitos por lockdown e toques de recolher em razão da pandemia da Covid-19, Queiroga apontou que não foi consultado sobre tal diligência.

A medida é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.

Tratamento

Com relação ao chamado “tratamento precoce”, com o uso de medicamentos contra sem comprovação científica, Marcelo Queiroga reforçou que essas discussões nada contribuem para pôr fim ao caráter pandêmico dessa doença.

Com informações da Agência Senado.