Algumas candidatas receberam mais recursos do Fundo Especial do que outras. Foto: Reprodução/Divulgacandcontas.

Durante muito tempo, as mulheres foram relegadas a um segundo plano nos pleitos eleitorais, tendo, ainda hoje, participação mínima nas casas legislativas em todo o Brasil. Tentando modificar essa situação, várias regras foram criadas, ao longo dos últimos 25 anos, visando tornar a disputa mais igualitária entre todos os gêneros.

O mais recente benefício que as mulheres ganharam, visando uma maior participação na disputa eleitoral, veio com a Resolução 23.607/2019, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão estabelece que as agremiações destinem um mínimo de 30% do montante Fundo Eleitoral para as candidaturas femininas.

No entanto, de acordo com o TSE, através da plataforma Divulgacandcontas, os partidos têm distribuído recursos para as candidatas de forma desigual em Fortaleza. Há casos, inclusive, em que nem mesmo o mínimo estipulado vem sendo respeitado.

A Rede Sustentabilidade, que lançou 21 mulheres para a disputa à uma das 43 vagas na Câmara Municipal, por exemplo, destinou R$ 200 mil para a ex-vereadora Toinha Rocha, enquanto que a maioria das outras candidatas recebeu apenas R$ 5 mil, cada. Uma das exceções é Adriana Freitas, que recebeu 10% do montante de Rocha, ou seja, R$ 20 mil.

Na Rede, há candidatas recebendo R$ 10 mil, enquanto que Toinha Rocha foi beneficiada com R$ 200 mil.

Mas isso não é uma realidade apenas da Rede. No PSB, por exemplo, com 18 mulheres na disputa, a diferença entre os recursos repassados pelo partido também tende a ser levada em consideração. A vereadora Marília do Posto, que tenta reeleição, recebeu repasses totais no valor de R$ 53,9 mil e Juliana Costa  R$ 28,9 mil. Já o restante das candidatas recebeu entre R$ 8,9 mil e R$ 12,9 mil.

No Partido Liberal, 15 das 16 mulheres na disputa não receberam nenhum recurso do Fundo Eleitoral. A ex-vereadora Ruthmar Xavier foi a única, e recebeu R$ 50 mil do partido. Já no Partido Verde (PV), enquanto que Socorro Cavalcante recebeu R$ 50,4 mil, Joelma Freire e Lúcia Silva foram beneficiadas com R$ 10 mil. Mas também há casos como o de Gláucia Azevedo que não recebeu qualquer quantia da legenda.

O Cidadania registrou a candidatura de 18 mulheres no pleito deste ano. Dessas, Tia Kátia recebeu R$ 15 mil do Fundo Partidário da legenda, enquanto que Márcia Decofeste R$ 10 mil. Já Amanda Alves conta com apenas R$ 2 mil para a campanha oriundos da agremiação.

Entre Fundo Partidário e Eleitoral, o Progressistas liberou R$ 7 mil para a vereadora Bá, que tenta reeleição, mesmo valor recebido por Vilani Almeida. Ednar Nunes, por sua vez, recebeu pouco mais de R$ 4 mil, valor esse que foi destinado para a maioria das candidatas da legenda.

Campanha

Essa realidade é percebida em todos os partidos e coligações que foram formadas no pleito deste ano. No Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, Larissa Gaspar, que tenta reeleição, recebeu R$ 34 mil para sua campanha. Luciana Castelo Branco foi beneficiada com R$ 13 mil, enquanto que para Francisca Maciel foram direcionados apenas R$ 4 mil.

 

Divulgacandcontas mostra disparidade entre candidaturas no mesmo partido.

No PSOL, Adriana Nossa Cara recebeu pouco mais de  R$ 7 mil do Fundo Eleitoral, enquanto que Adelita Monteiro foi beneficiada com R$ 39,5 mil. No Avante, as 14 mulheres na disputa eleitoral receberam entre R$ 3 mil e R$ 7 mil.

Recursos

No PSC, as mulheres receberam R$ 5 mil, cada. Já no Podemos, as 14 mulheres na disputa receberam até R$ 11,4 mil do partido para a disputa. O PTB estipulou um valor de R$ 2 mil para as candidaturas femininas. Mas algumas das candidatas ainda não receberam os recursos.

Alguns partidos ainda aparecem no site Divulgacandcontas sem ter repassado, até agora, qualquer recurso para as candidaturas femininas. É o caso do PDT, DEM, PSDB, MDB e PSD.