Eron Moreira também criticou a campanha de abstinência sexual do Governo. Foto: CMFor.

As frentes parlamentares de combate ao HIV e AIDS na Assembleia Legislativa do Ceará e na Câmara Municipal de Fortaleza devem encaminhar ao Governo Federal moção de repúdio em razão das declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre os custos de uma pessoa com HIV para a economia do País.

Presidente do colegiado na Câmara, o vereador Eron Moreira (PP) fez críticas à fala do presidente e se comprometeu a colher assinaturas de seus pares para encaminhar nota contra Bolsonaro. O mesmo deve ser feito pelo presidente da Frente Parlamentar da Assembleia, deputado Acrísio Sena (PT), que lamentou as posições do chefe do Executivo federal.

“Venho aqui falar do mentecapto do Jair Bolsonaro. Nós até temos brasileiros de bom senso que votaram no Bolsonaro, mas cada vez que ele abre a boca, ele diz uma barbaridade. Ele colocou, agora, que uma pessoa com HIV, além de ser um problema sério para ela, é despesa para todos nós do Brasil. Isso ele apoiando a campanha de abstinência sexual da Damares”, apontou o vereador Eron Moreira.

O parlamentar ressaltou, também, que enquanto médico e presidente da Frente Parlamentar da Luta contra a Aids, não poderia se calar diante das falas do presidente. “Ele não é meu presidente. Ele afirmou que o PT pregou o vale-tudo e chegou o ponto de uma depravação total. Ele disse isso para defender a campanha da ministra Damares Alves que pregou a abstinência sexual. Onde vamos chegar com esse tipo de comportamento?”, indagou.

Para Eron, a ministra Damares não deve se preocupar apenas com a abstinência sexual, mas com políticas públicas que amparem as adolescentes grávidas e as mulheres em situação de risco de violência. Segundo o vereador, a Câmara Municipal de Fortaleza tem dado lição de que os parlamentares respeitam o ser humano.

“Vou propor que a Frente Parlamentar se reúna para que a gente possa tirar um documento com o aval de todos para dizer que não aceitamos o que está posto aqui. O preconceito pelo  preconceito, a discriminação pela discriminação”, disse.

Epidemia

A vereadora Larissa Gaspar (PT) corroborou com o colega e disse ser hipocrisia querer resolver a situação das doenças sexuais no país pregando a abstinência. A parlamentar falou ainda da violência sexual contra mulheres e crianças: “A saída é o fortalecimento das políticas de proteção às mulheres, às crianças e aos adolescentes e não a redução de verbas para esses segmentos”, disse.

A Frente Parlamentar de Luta Contra a Epidemia de HIV/AIDS e Tuberculose da Assembleia Legislativa tornou público seu repúdio em relação às declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, manifestadas dia 5 de fevereiro, quando afirmou que “uma pessoa com HIV é uma despesa para todos aqui no Brasil”.

Abstinência verbal

“Demonstrando total falta de conhecimento, respeito e sensibilidade contra as mais de 900 mil pessoas que vivem com HIV/AIDS hoje no país, o presidente reforça o preconceito e o estigma que há mais de 30 anos paira na opinião pública”, diz o deputado Acrísio Sena em nota.

Segundo ele, tal atitude atenta contra a solidariedade e a convivência integrada, “reforçam o ódio tão presente no discurso do presidente, que precisa, isso sim, de um período de abstinência verbal”.