Principal entusiasta do lançamento da candidatura própria, o deputado federal Zé Airton Cirilo diz ter conversado sobre o assunto com o ex-presidente Lula. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Alguns membros do Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará vão continuar em busca de candidatura própria no Estado, mas principais lideranças do partido são contra. De acordo com esse grupo, há alas petistas que defendem um nome do grêmio para o pleito do próximo ano.

Isso, inclusive, teria sido dialogado com o ex-presidente Lula durante sua vinda a Fortaleza, há dez dias, embora Lula não tenha dado apoio à iniciativa e admitido a candidatura do governador Camilo Santana ao Senado.

O deputado federal José Airton Cirilo (PT), que aposta em uma eventual candidatura própria do PT do Ceará em 2022, fez algumas leituras particulares de reuniões e falas do ex-presidente quando esteve em Fortaleza.

Ele, ao lado da deputada federal Luizianne Lins, se reuniu com o presidente estadual do MDB, Eunício Oliveira, ainda na semana passada, em busca de fortalecer uma possível união entre as legendas para o pleito do próximo ano.

O deputado estadual Elmano Freitas, um dos participantes desse encontro, é a favor da manutenção da aliança do PT com o PDT, sendo Camilo o candidato ao Senado, com o PDT indicando o candidato a governador, e devendo ser uma pessoa que não tenha causado atrito com os petistas.

Alas petistas também defendem essa tese, como o Movimento PT, a Ação e Diálogo Petista, Articulação de Esquerda e Optei PT. Esses grupos internos são favoráveis ao que chamam de “palanque ideal”, com candidatura de Lula em nível nacional e uma postulação petista no Estado.

No encontro com os movimentos sociais, Lula chegou a falar sobre a disputa eleitoral do partido no Ceará em 2002, quando José Airton foi o postulante ao Governo do Estado, sem no entanto sinalizar para o fim da aliança com o PDT. Lula e o senador Cid Gomes, com o testemunho do governador Camilo Santana, conversaram sobre a aliança.

“Eu vim a primeira vez a esse Estado num comício de 2002, quando a gente quase elege o Zé Airton como governador, contra o Ciro, o Tasso e o Lúcio Alcântara”, lembrou Lula em evento que contou com a presença do governador Camilo Santana. Lula, no entanto, segundo os defensores de candidatura própria, teria liberado o grupo petista local para dialogar em busca do que chamam de “palanque ideal no Ceará”, o que motivou o encontro dos parlamentares com Eunício Oliveira na semana passada.

Segundo o presidente municipal do PT em Fortaleza, Guilherme Sampaio, um dos objetivos de Lula no Ceará foi ouvir os reclames locais, e com isso ir lapidando a percepção sobre o que está acontecendo no País. Ele também buscou dialogar com os diversos atores da cidade, do trabalhador ao empresário. “Ele conversou com o Tasso, com o Cid, com o Eunício, PCdoB, PSOL… E a pauta dessa conversa é o enfrentamento ao bolsonarismo e retrocessos democráticos que estamos atravessando no País”, disse.

Para o petista, esse é o grande desafio da democracia do Brasil. “As pessoas especulam em torno de alianças, mas é preciso criar uma frente ampla pela democracia. Levantes até nas tribunas por parlamentares? É na democracia que a gente conquista direitos. A vinda do Lula foi exitosa e ajuda a consolidar essa frente. Podem resultar em alianças no primeiro turno, no segundo turno ou não. Mas vão representar unidade em defesa da democracia, que significa derrotar o bolsonarismo”.

Veja a fala do deputado Guilherme Sampaio: