Decano prega vigilância de defensores da democracia em entrevista a jornal de Portugal. Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, concedeu entrevista ao jornal português Diário de Notícias sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023. Na conversa, ele defende a necessidade dos defensores da democracia no Brasil se manterem vigilantes.

“A democracia sobreviveu, mas, como alertava a juíza Rosa Weber, ‘os fatos ocorridos no ‘dia da infâmia’ ficarão gravados indelevelmente na memória institucional do STF, e a eles voltaremos sempre, para que jamais se repitam’. A luta não está ganha e cabe aos defensores da democracia manterem-se vigilantes para que esse lamentável acontecimento jamais se repita”, afirmou.

Gilmar lembrou que estava em Portugal no dia da intentona golpista e revelou que, antes de saber dos acontecimentos, comentava sobre a até então transição tranquila de governo. O decano também lembra que ficou impressionado com o estrago feito no prédio que abriga o STF.

“Quando voltei, fui ao STF e, diante do estrago, fiz duas perguntas: ,O que fizemos de errado para chegarmos aqui?’, dado o ódio, refletido nos danos, muito maior sobre o tribunal do que sobre Congresso e Planalto, e ‘o que devemos fazer para evitar que se repita?’”, disse.

Por fim, Gilmar diz acreditar que a tentativa de golpe é um reflexo do crescimento do populismo global no Brasil e uma das mais graves afrontas às instituições brasileiras. “O ‘dia da infâmia’, como ficou conhecido, levou à instauração de mais de 1300 processos no STF, o que demonstra a gravidade do episódio. Os ataques, clara investida contra a democracia, foram concebidos, planeados e executados por simpatizantes de regimes de exceção, na expectativa da adesão das Forças Armadas tornando insubsistentes as alegações de que as invasões foram fruto de breve momento de desequilíbrio emocional”, afirmou.

Fonte: ConJur