Sergio Moro agiu de forma ilegal ao divulgar conversas, disse juíza. Foto: Reprodução

Por entender que o ex-juiz Sergio Moro agiu de forma ilegal ao divulgar conversas do casal Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente eleito Lula (PT), e Renata de Abreu Moreira, a 6ª Vara Cível Federal de São Paulo condenou a União a pagar indenização por danos morais de R$ 60 mil aos dois.

Em 2016, Moro, então titular da 13ª Vara Federal de Curitibalevantou o sigilo de diversas conversas grampeadas de Lula com pessoas próximas — incluindo advogados, em violação ao sigilo das comunicações de procuradores e clientes, e uma com a então presidente Dilma Rousseff (PT).

Entre os áudios estavam diálogos de Fábio Lula da Silva com sua mãe, Marisa Letícia, em que os dois criticavam protestos contra o PT, e de Renata com Kalil Bittar, irmão de Fábio Bittar, dono do sítio em Atibaia frequentado pela família do petista.

A defesa do casal, comandada pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Maria de Lourdes Lopes, sustentou que a divulgação das conversas ofendeu a honra deles. Em contestação, a União sustentou que as gravações eram relacionadas a fatos relativos a Lula investigados no caso e que os autores não provaram a ocorrência de danos morais.

A juíza Ana Lucia Petri Betto apontou que Moro violou o sigilo das conversas grampeadas, estabelecido pela Lei das Interceptações Telefônicas (Lei 9.296/1996). Especialmente porque eles não eram investigados no processo — o que exige que as gravações sejam descartadas, conforme a norma.

A julgadora também ressaltou que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que Moro agiu ilegalmente ao divulgar os grampos (Reclamação 23.457). Para a Corte, o ex-juiz não era competente para tratar de caso envolvendo a presidente da República e violou o direito fundamental ao sigilo das comunicações.

Ana Lucia também disse que o levantamento do segredo das gravações gerou “verdadeira mácula à personalidade” do casal, “transcendendo o mero aborrecimento”. De acordo com a julgadora, a imagem dos dois foi abalada socialmente e entre pessoas próximas. A juíza ainda ressaltou que a divulgação ilegal das conversas de Lula e seus familiares foi um dos fatores para o Supremo declarar a suspeição do ex-juiz para julgar o petista.

Fonte: ConJur