As investigações são sobre possível distribuição indiscriminada do chamado ”kit covid” pela Prevent Senior, e autonomia médica e profissional do corpo clínico acerca de aplicação terapêuticas. Foto: Divulgação.

Antes do encerramento do seu depoimento aos senadores da CPI da Covid, nesta quarta-feira (6/10), o diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello, pediu que a Comissão Parlamentar de Inquérito envie à ANS dossiê e prints de conversas de Whatsapp, além de informações sobre denúncia feita por uma médica — de que haveria pressão e desrespeito à autonomia dos profissionais por parte da Prevent Senior.

O dossiê em questão e trechos da conversa pelo Whatsapp haviam sido exibidos mais cedo pelo vice-presidente, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que determinou o compartilhamento das informações.

O relator Renan Calheiros (MDB-AL), na mesma sessão desta quarta-feira (06), anunciou que incluiu mais um nome no rol de investigados pela CPI: o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro.

Renan alegou três motivos para a decisão: apoio ao “negacionismo”, suporte dado a remédios comprovadamente ineficazes contra a covid-19 e omissão diante de fatos criminosos.

A notícia provocou protestos dos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE) e Marcos Rogério (DEM-RO), que consideraram injusta a decisão.

Para eles, o presidente do CFM defendeu a autonomia dos médicos — além disso, Eduardo Girão e Marcos Rogério observaram que Ribeiro nem sequer foi ouvido pela CPI.

Veja trecho do depoimento do diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello:

A CPI da Covid vai colher dois depoimentos nesta quinta-feira (7/10). O primeiro a ser ouvido será Tadeu Frederico Andrade, cliente da Prevent Senior. A seguir, será a vez de Walter Correa de Souza Netto, ex-médico da empresa operadora de planos de saúde.

O pedido para ouvir ambos, na condição de testemunhas, partiu do senador Humberto Costa (PT-PE).

Em seu requerimento, o parlamentar relata que Tadeu Frederico contou ter sido infectado pela COVID-19 no Natal e, por telemedicina na Prevent Senior, foi-lhe receitado o “kit covid“.

Seguindo a prescrição, Frederico tomou a medicação, mas seu quadro clínico se agravou, necessitando de internação em unidade de tratamento intensivo (UTI).

Após um mês na UTI, a equipe da Prevent, segundo alegado pelo beneficiário, queria tirá-lo da internação para economizar custos, colocando-o sob cuidados paliativos. A família se recusou a aceitar tal mudança terapêutica. Por fim, Tadeu se recuperou, mas denunciou a Prevent Senior à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Autonomia médica

No depoimento do médico Walter Correa de Souza Neto, os senadores vão procurar saber se havia cerceamento da autonomia médica e profissional do corpo clínico da Prevent Senior e se realmente havia distribuição indiscriminada do chamado kit covid. Também devem questionar se havia aplicação de terapêuticas para tratamento não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou aprovadas pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Conforme Humberto Costa, será necessário também esclarecer se ocorreu fraude em estudo clínico conduzido pela Prevent Senior sobre a segurança e eficácia do uso de hidroxicloroquina em associação com azitromicina em pacientes leves e se houve inadequação do encaminhamento de pacientes para cuidados paliativos.

Reta final

O cliente e o ex-médico da Prevent Senior serão as duas últimas pessoas a serem ouvidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito, que fará sua 64ª reunião nesta quinta-feira (07/10).

A semana do feriado de 12 de outubro deve ser usada pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), para concluir seu relatório. O senador já avisou que deve apresentar o documento no dia 19 de outubro, para ser votado no dia seguinte.

Renan Calheiros anunciou mais nomes no rol de investigados pela CPI. Veja:

Fonte: Senado Federal.