Roberto Dias é detido após receber voz de prisão do senador Omar Aziz. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado.

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), deu voz de prisão a Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, após oito horas de depoimento. Ele foi acusado, anteriormente, de ter pedido propina de um dólar por cada dose de vacina indiana Covaxin.

A Comissão de Inquérito se reúne novamente nesta quinta-feira (08), às 9h, para ouvir a ex-coordenadora do programa nacional de imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato.

Aziz disse que Dias passou o dia inteiro mentindo para a CPI, e que lhe deu várias oportunidades de esclarecer a verdade. Ele informou que sua decisão é baseada em documentação já em posse da CPI, inclusive áudios. A decisão de Aziz gerou protestos do depoente e de sua defesa advocatícia. Após o pedido de prisão, Eliziane Gama (Cidadania-MA) pediu mais uma chance a Dias para que ele “esclareça os fatos”.

Eis a justificativa de Aziz:

— Dei todas as chances à Vossa Senhoria. Ele vai ser recolhido pela Polícia do Senado. Tem coisas que não dá pra admitir, os áudios que temos do Dominghetti são claros. O sr. fez um juramento (de dizer a verdade), e o sr. está detido pela presidência da CPI. Morre gente todo dia, o sr. é vítima de uma acusação muito séria e não colabora — argumentou.

Veja o momento da voz de prisão:

Após a voz de prisão, a pedido de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e da defesa de Dias, passaram a ser veiculados áudios em posse da CPI. Mas Aziz mantém a voz de prisão, apesar dos protestos de Marcos Rogério (DEM-RO) e de Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Para Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS), o ex-funcionário do Ministério da Saúde devia ser acareado com o ex-secretário-executivo Elcio Franco.

A prisão foi apoiada por Fabiano Contarato (Rede-ES), Rogério Carvalho (PT-SE) e pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

Também houve repercussão da decisão do senador Omar Aziz no plenário do Senado. Alguns senadores pediram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM) para ele tornar sem efeito a prisão  de Roberto Dias, sob a alegação de ter sido ilegal em razão de a CPI estar funcionando no mesmo momento que acontecia a sessão plenária do Senado. Pelo Regimento Interno do Senado, quando estiver acontecendo a sessão plenária da Casa nenhuma comissão poderá funcionar. Pacheco recolheu as manifestações como Questão de Ordem para decidir posteriormente.

Após pedido de prisão do depoente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reproduziu áudios de Dominghetti que, segundo Omar Aziz (PSD-AM), comprovariam que Roberto Dias teria incorrido no crime de mentir perante à CPI. Os áudios (recém-publicados pela imprensa), na visão do presidente da CPI, desmente o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde de que o encontro com o atravessador da Davati em um restaurante de Brasília teria sido acidental.

Para os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Otto Alencar (PSD-BA), apesar de ter mentido, Dias não deveria ser preso, mas acareado com o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.

Marcos Rogério (DEM-RO) protestou contra a prisão de Dias, para ele ilegal por ter ocorrido sem fato determinado e durante a sessão deliberativa ordinária do Senado.

A reunião seguiu com Soraya Thronicke (PSL-MS) fazendo questionamentos sobre a autonomia de Roberto Dias na assinatura de contratos para compra de imunizantes, no entanto, o depoente permaneceu em silêncio por orientação da sua advogada, Maria Jamile José.

— Ele não vai responder sob coação — reclamou a advogada.

Mesmo com os apelos dos senadores, Omar Aziz manteve sua decisão.

—  Todo depoente que estiver aqui e achar que pode brincar, terá o mesmo destino dele. Ele que recorra a Justiça, mas ele está preso e a sessão está encerrada! — disse Aziz ao encerrar a reunião.

Veja a justificativa do depoente, Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde:

Fonte: Agência Senado.