Sargento Reginauro provoca os governistas ao criticar o grupo liderado por Ciro Gomes e defender os protestos dos policiais em 2020. Foto: CMFor.

As eleições gerais de 2022 devem nortear os discursos nas casas legislativas no segundo semestre deste ano. Pelo menos foi o que ficou explícito na última sessão ordinária da Câmara Municipal de Fortaleza, quando vereadores de oposição lembraram do movimento paredista da Polícia Militar, ocorrido em 2020, vindo a ser refletido no pleito municipal passado.

Para governistas, o motim da PM foi desrespeitoso com a população, enquanto que o Governo tentava manter a ordem no Estado.

Naquele movimento, personagens da Segurança Pública e da política local e nacional se misturaram entre aqueles que apoiavam a paralisação da Polícia e os que criticavam o aumento da violência em decorrência da paralisação. Para Sargento Reginauro (PROS), desde o início da gestão de Ciro Gomes, passando pelo irmão Cid Gomes, e agora com Camilo Santana, a Segurança Pública apresentou os piores resultados.

O parlamentar acusa que policiais militares, ao longo dos anos, foram desrespeitados em seus direitos e atualmente existem “zonas loteadas” por facções criminosas em todo o Estado. Para o vereador, o líder político da base governista, Ciro Gomes, tem aparecido em pesquisas locais com maior rejeição entre pretensos candidatos à presidência da República. Ele também criticou o episódio da retroescavadeira, quando o senador Cid Gomes tentou derrubar o portão de um quartel em Sobral em protesto contra policiais amotinados no equipamento público.

Em dobradinha com Reginauro, Julierme Sena (PROS) disse repudiar o que ele chamou de “oligarquia dos Ferreira Gomes”. Pretenso candidato a deputado federal, Sena lembrou denúncias contra Ciro e Cid Gomes e disse que teria atirado em Cid Gomes, caso estivesse presente em Sobral quando do confronto entre o senador e policiais militares.

Carmelo Neto (Republicanos) foi mais além e disse que em 2022 iria trabalhar para que o Estado se livre do que ele definiu como “a maior facção do Ceará, que se chama facção Ferreira Gomes”.

Líder do Governo na Casa, o vereador Gardel Rolim (PDT) repudiou as falas dos opositores e disse que em cinco anos de mandato nunca tinha presenciado um pronunciamento “tão infeliz”. De acordo com ele, pesquisa de opinião não poderia se confundir com a história de um homem público. “Precisamos ter respeito pelos homens públicos que constroem a vida honrada, como o senhor Ciro Gomes. Ninguém é capaz de fazer uma acusação de corrupção contra o Ciro. Da mesma forma, contra o Cid Gomes”.

Ele também discordou de falas que apontaram o motim da PM como um movimento “pacífico e ordeiro”, como foi dito por Julierme Sena, e lembrou que policiais encapuzados estavam atirando para cima e ordenando o fechamento do comércio de Sobral. “Tenha respeito com a população”. Para Rolim, enquanto Camilo se esforçava para melhorar a Segurança Pública do Estado, o deputado federal Capitão Wagner (PROS) e seus liderados levavam a política para dentro dos quartéis “apostando no quanto pior melhor”.

Milícia

Júlio Brizzi (PDT) também entrou no embate e incluiu o presidente Jair Bolsonaro no assunto, lembrando que o discurso de ódio levantado pelo chefe do Governo Federal tem causado problemas graves para o País. “Aqui tem gente que se intitula soldado do presidente que vem de uma terra onde a milícia domina. Ele é a favor da Covid e da morte das pessoas. Quais as propostas deles para a Segurança? Qual a proposta do líder deles, que é sempre candidato?”, questionou.

O embate entre opositores e base governista na Câmara de Fortaleza incluiu os principais atores políticos do Estado no diálogo: Camilo Santana, Cid Gomes, Ciro Gomes, Capitão Wagner e o presidente Jair Bolsonaro. Também evidenciou que as feridas abertas no último motim da Polícia Militar no Ceará estão longe de ser cicatrizadas, motivando ataques de ambos os lados com vistas ao pleito de 2022.