Segundo Rodrigo Pacheco, parte fundamental no combate à pandemia é do esforço da ”imprensa, que deve ser respeitada e livre para cumprir o dever de informar, mesmo na divergência”. Foto: Reprodução/Pedro França/Agência Senado

Vários senadores lamentaram nas suas redes sociais, na noite da última segunda-feira (21) os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao trabalho da imprensa.

O presidente não gostou dos questionamentos de uma repórter do Grupo Globo ao fato dele ter chegado sem máscara ao município de Guaratinguetá-SP, além de já ter participado de passeios de moto e aglomerações sem o uso do adereço — obrigatório por lei no estado de São Paulo.

Ele foi até a cidade para participar de uma formatura de sargentos da Aeronáutica. Bolsonaro tirou a máscara durante a entrevista, mandou a repórter e sua própria equipe calar a boca, criticou a CNN e xingou a Rede Globo.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, fez uma defesa do trabalho da imprensa. Ele disse que ”a COVID-19, as mortes e seus reflexos sobre o país, embora possam aflorar maus sentimentos, impõem absoluta necessidade de união em torno de soluções”.

Segundo Pacheco, parte fundamental desse esforço é o da ”imprensa, que deve ser respeitada e livre para cumprir o dever de informar, mesmo na divergência”.

Na mesma linha, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que a ”democracia exige imprensa livre para perguntar e autoridades decentes disponíveis para responder. Vamos trabalhar para que este surto autoritário seja superado pela melhor vacina que existe, o voto!”. De acordo com o senador, Bolsonaro tenta esconder com ”gritos e ofensas sua incapacidade de responder sobre coisas básicas, como os 500 mil mortos por COVID-19 ou os cheques do Queiroz”.

Na visão do senador Omar Aziz (PSD-AM), a entrevista de Bolsonaro foi um “show de misoginia“. Ele pediu que a repórter Laurene Santos não esmoreça e disse que ”seu trabalho é importante para o Brasil melhor que todos sonhamos”. Para o senador, ”gostemos ou não, o jornalismo sério é fundamental em qualquer democracia, e os que fazem disso sua lida devem ser respeitados”.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) disse que o ”presidente nos brinda com mais um surto de incontinência e brutalidade, vociferando como um valentão contra uma repórter, pela sua ‘ousadia’ de fazer seu trabalho — o jornalismo”. Contarato acrescentou que ”fora do seu cercadinho de bajuladores, Bolsonaro não resiste ao tranco”.

Líder da bancada feminina no Senado, Simone Tebet (MDB-MS), em entrevista ao portal Veja, lembrou que os ataques do presidente normalmente miram mulheres e classificou a atitude de Bolsonaro como ”deplorável”.

Grosseria

Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), o episódio mostra “um grosseiro na Presidência”. Ele disse que Bolsonaro se mostra “furioso e descontrolado”. Na visão do senador Humberto Costa (PT-PE), o presidente “está fora de si”, pois deu “um show de falta de educação e grosseria”. E o senador Rogério Carvalho (PT-SE) apontou que, “sem equilíbrio psicológico, Bolsonaro sentiu a força das ruas; está acuado e desesperado”. Ele também disse que o presidente “sabe que a CPI da Covid chegou no mandante e não terá volta”.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que é jornalista, manifestou sua solidariedade com os colegas. Ela disse que “é inaceitável ser insultado e agredido no exercício das funções de jornalista, que é apurar, perguntar”. Para ela, mais inaceitável ainda é “quando os ataques partem do presidente”. Eliziane acrescentou que Bolsonaro mostra “um descontrole de quem não convive bem com a democracia”.

Fonte: Senado Federal