Secretária Mayra se reporta ao senador Tasso Jereissati (PSDB) que participou do depoimento de maneira virtual. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado.

Nesta terça-feira (25), a CPI da Covid, instalada no Senado Federal, recebeu a médica cearense Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde.

Ela fez política no Ceará, filiada ao PSDB, tendo como padrinho o senador Tasso Jereissati. Inicialmente disputou um mandato de deputada federal, não logrando êxito, e, posteriormente, em 2018 disputou, ainda pelo PSDB, o mandato de senadora, tendo como companheiro de chapa o senador Eduardo Girão, candidato pelo PROS.

Durante sua oitiva, os dois senadores cearenses titulares da CPI, Eduardo Girão (PODEMOS) e Tasso Jereissati (PSDB), apresentaram questões à médica. Os dois senadores, embora tenham feito campanhas juntos em 2018, hoje são adversários. Mayra, também, não é mais afilhada política de Tasso. O primeiro a perguntar foi o tucano.

Tasso questionou a médica sobre em quais órgãos e/ou setores da Medicina, ela e os cinco médicos membros de sua equipe no Ministério da Saúde, confiam para obter orientações no tratamento da Covid-19.

Como resposta, a secretária disse crer em métodos que “salvem a vida das pessoas”, sendo essa, sua maior crença. Mayra prosseguiu e afirmou conhecer “diversos protocolos clínicos com resultados”, usado por hospitais em diversos municípios brasileiros, e, tendo como resultado, a queda na letalidade por Covid-19.

Veja a pergunta de Tasso à Mayra:

O senador Eduardo Girão indagou à médica cearense sobre a veracidade de um estudo mostrando que drogas, como ivermectina, diminuíram os índices de agravamento e letalidade do novo coronavírus. Existe o exemplo da Cidade do México/MEX comprovando a “grande” eficácia da ivermectina na prevenção da moléstia.

Mayra, conhecida por seus opositores como “Capitã Cloroquina”, afirmou ter acesso a estudos comprovando a eficácia dessas drogas e que diversos médicos usam “todos os meios” para evitar a morte dos pacientes, tendo de lançar mão de todas as terapias que “garantam os princípios bioéticos” da beneficência, não-maleficência e da justiça.

Girão declarou apoio à secretária que, segundo ele, vinha sendo desrespeitada e maltratada por alguns de seus colegas senadores.

Assista às perguntas de Eduardo Girão:

Outros destaques da oitiva:

  • Mayra Pinheiro se disse favorável ao isolamento social, ao uso de máscara e à vacinação em massa e contrária a chamada “imunidade de rebanho” pela disseminação do vírus em grandes grupos populacionais.

 

  • Ela disse não ser “mentirosa”, reagindo ao senador Rogério Carvalho (PT/SE), para quem “todos vêm treinados à CPI para mentir e enganar o Brasil”. Ele mostrou vídeos em que ela se contradiz. “Vim na qualidade de técnica”, rebateu a médica.

 

  • Randolfe Rodrigues (REDE/AP) questionou Mayra Pinheiro sobre áudio em que ela dizia haver um “pênis na porta da Fiocruz”. Ao responder, ela disse que era um “aparelho reprodutor masculino inflável” parte de uma campanha.
  • O senador Eduardo Braga (MDB/AM) lembrou que Mayra não tem trabalhos científicos sobre medicamentos. E criticou a médica por ter detratado cientistas que pesquisaram a cloroquina em Manaus, reforçando que estes pesquisadores têm respaldo internacional.

 

  • Mayra disse não achar “adequado” ser chamada de “Capitã Cloroquina”. “Não acho o termo adequado. Não sou oficial de carreira militar. Sou uma médica respeitada no meu Estado. Prefiro ser chamada doutora Mayra Pinheiro”.
  • A cearense defendeu o uso da cloroquina em pacientes na fase inicial da Covid-19. “No contexto da pandemia, não podemos esperar o mais alto nível da evidência de eficácia, porque ela não vem no curto espaço de tempo”.
  • A médica disse que relatava diariamente ao Ministério da Saúde a crise em Manaus/AM quando lá esteve, no início de janeiro. Senador Alessandro Vieira (Podemos/SE) disse que o governo tinha tais informações quando se recusou a intervir no Estado.

 

  • A secretária afirmou que teve conhecimento do desabastecimento de oxigênio medicinal em Manaus em 8 de janeiro. Ela disse que esteve na cidade até o dia 5, mas não foi informada pela Secretaria de Saúde do Amazonas sobre falta do insumo.