Deputado Evandro, presidente eleito da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Foto: Ascom/ALECE.

No primeiro fim de semana deste mês (dezembro) dissemos, neste espaço, que a eleição dos novos dirigentes da Assembleia Legislativa cearense, para um mandato de dois anos, a partir de 1º de fevereiro de 2021, mesmo sem disputa em plenário, deixaria sequelas, também por acumular ressentimentos das disputas acontecidas em 2016 e em 2019, envolvendo os deputados Sérgio Aguiar, Zezinho Albuquerque e Tin Gomes, todos do PDT. Em 2016, Sérgio foi derrotado por seus colegas, orientados por integrantes da cúpula do grupo governista, na disputa com Zezinho. E em 2019, os preteridos em favor de José Sarto, foram Zezinho e Tin Gomes, embora este dissesse, ao longo da campanha para a Presidência do Poder Legislativo, ser o candidato do governador Camilo Santana.

Os três pedetistas citados, escrevemos recentemente, guardaram uma certa resignação, com as decepções experimentadas, em razão do acordo anunciado pelos principais líderes da base governista de que os parlamentares escolhidos para participarem da atual Mesa Diretora da Assembleia, cujos mandatos terminam em 31 de janeiro de 2021, ficariam de fora do grupo de dirigentes a ser eleito neste mês de dezembro de 2020, pois vislumbraram, no acordo, uma chance de alcançarem o objetivo frustrado no início desta legislatura. E enfatizamos que eles já não tinham mais esperanças de o acordo ser cumprido, pois estavam recebendo informações indiretas de alguns entendimentos dando como certo o nome do deputado Evandro Leitão, atual primeiro secretário, como o candidato à Presidência da Assembleia, o que foi concretizado.

O comando político da base governista não deixou, demonstrando que aprendeu a lição de 2016, crescer a disputa interna pela chefia do Poder Legislativo, e, logo tratou de antecipar a escolha do nome para o cargo, além de fazer antecipar o processo de votação que acontece sempre no encerramento dos trabalhos do ano, ou, como diz o Regimento Interno da Assembleia, até o dia 15 de dezembro. Não havia clima para a repetição dos episódios de 2016. Mas o sentimento de repulsa dos deputados Tin Gomes, Sérgio Aguiar e Zezinho Albuquerque, poderia, demorasse a eleição de Evandro Leitão por mais alguns dias, aumentando a insatisfação dos três parlamentares apontados, contaminar alguns outros que sonhassem com o cumprimento do acordo renovador de toda a Mesa Diretora, abrindo oportunidade para mais colegas assumirem postos de comando no Legislativo.

Evandro Leitão, realmente, é um dos poucos deputados de bom relacionamento com a quase totalidade dos colegas. Ele conversou, reservadamente, com todos os deputados da base governista no curto espaço que foi da quinta-feira (03) até o dia da eleição (08). Demorou mais com Sérgio Aguiar, Zezinho e Tin Gomes. Nenhum tinha restrição ao seu nome, mas deixaram registrado a insatisfação com as principais lideranças do grupo, até por não terem dado qualquer satisfação a eles, candidatos do conhecimento de toda a cúpula governista desde a eleição da atual Mesa Diretora, presidida pelo deputado José Sarto, hoje prefeito eleito de Fortaleza. Ao que deixam a entender, em conversas reservadas, nem mesmo quando individualmente todos eles falaram com o governador Camilo Santana, e o senador Cid Gomes, foram informados sobre o rompimento do acordo da não eleição dos atuais dirigentes, e muito menos sobre estar acertado o nome de Leitão para a presidência. Eles estavam certos de que candidatos seriam.

Zezinho Albuquerque já foi três vezes consecutivas presidente da Assembleia Legislativa. Sérgio Aguiar foi primeiro secretário da Casa, assim como Tin Gomes foi primeiro vice-presidente na Mesa anterior. Esta eleição vencida por Evandro Leitão, encerrada na última terça-feira (08), sinaliza para o fim da perspectiva dos dois últimos chegarem à chefia do Poder Legislativo cearense, mesmo tendo credenciais para tanto, assim como a de Albuquerque voltar, embora tenha sido um dos melhores presidentes dos últimos anos. O tamanho da renovação da composição da Assembleia, com as eleições de 2022, norteará os rumos seguidos para a formação do grupo que dirigirá o Poder, na próxima Legislatura.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre as mágoas políticas que sobraram pós eleição dos membros da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa biênio 2021/2022: