CPI das Fake News poderá convocar ex-ministro Sergio Moro e o ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Foto: Pedro França/Agência Senado.

O presidente da Comissão Parlamentar Mista que investiga notícias falsas na internet (CPI das Fake News), senador Angelo Coronel (PSD-BA), elogiou nesta quinta-feira (30) a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a prorrogação das investigações do colegiado por mais 180 dias.

Gilmar Mendes rejeitou uma ação apresentada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que pretendia impedir a continuidade dos trabalhos.

“Estamos nas mãos de uma quadrilha digital que ataca reputações e incita manifestações contra instituições, como Congresso Nacional e STF. É uma verdadeira pandemia eletrônica, e precisamos dar um freio nisso. Ainda bem que o ministro não acatou a ação do deputado Eduardo Bolsonaro. Sempre me pergunto porque eles estão com medo. O Eduardo tentou o tempo todo acabar com a CPI. Aí, a gente fica com vontade de investigar mais profundamente, porque algo está por trás. Se não estivesse, não iriam querer acabar [com as investigações] a todo custo”, disse Coronel, em entrevista à radio Jovem Pan.

Na decisão da última quarta-feira (29), Gilmar Mendes afirma que os fatos apurados pela CPI “assumem a mais alta relevância para a preservação da nossa ordem constitucional”.

“Não à toa, há uma crescente preocupação mundial com os impactos que a disseminação de estratégias de desinformação e de notícias falsas tem provocado sobre os processos eleitorais”, diz o ministro.

Estratégias de desinformação

Na ação, os advogados do deputado Eduardo Bolsonaro disseram haver irregularidades no andamento da CPI. Entre elas, o desrespeito ao foco da linha de investigação definida no requerimento de instalação da comissão. Mas, para o ministro do STF, as investigações do colegiado “são de vital importância para o desvendamento da atuação de verdadeiras quadrilhas organizadas que, por meio de mecanismos ocultos de financiamento, impulsionam estratégias de desinformação, atuam como milícias digitais, que manipulam o debate público e violam a ordem democrática”. A reportagem da Agência Senado entrou em contato com a assessoria do deputado Eduardo Bolsonaro, mas não obteve retorno.

Na entrevista à rádio Jovem Pan, o senador Angelo Coronel disse que a CPI das Fake News não deve realizar reuniões ou votações enquanto durar o estado de emergência provocado pelo coronavírus. Mas ressaltou que os técnicos da comissão continuam analisando documentos encaminhados ao Congresso.

“Nossa equipe técnica tem material farto na mão, tem material que veio de algumas quebras [de sigilo], de Whatsapp e Facebook. Estamos lutando para descobrir quem abriu e o que trafegou nessas contas. Para ver se tem algum fato criminoso, ou se é apenas “meme” ou piada, como o deputado Eduardo Bolsonaro falou.

O presidente da CPI das Fake News sugeriu a convocação do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, e do ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Em entrevista coletiva antes de pedir demissão do cargo, Moro classificou a demissão do auxiliar, ocorrida na última sexta-feira (24), como uma “interferência política” do presidente Jair Bolsonaro.

“O ministro saiu atirando no governo. Apresentou inclusive algumas provas. Precisamos tirar isso a limpo na CPI. Quem está errado? O ministro ou o presidente? Acredito que, por ser renomado, o ministro não iria acusar sem ter algo a comprovar”, afirmou.

Fonte: Agência Senado.