Ailton Lopes acredita que partido possa eleger até dois vereadores em Fortaleza. Foto: Divulgação.

O presidente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Ailton Lopes, afirmou ao Blog do Edison Silva que o deputado estadual Renato Roseno é o melhor nome da legenda para disputar o cargo de prefeito de Fortaleza, em outubro próximo.

O dirigente afirmou, ainda, que a legenda pretende eleger ao menos dois vereadores para a Câmara Municipal. No pleito de 2016, Lopes foi, no geral, o quinto candidato com mais votos (mais de 12 mil), mas não foi eleito, pois a sigla não atingiu o quociente eleitoral necessário para conseguir uma vaga no legislativo da Capital.

O socialista disse também que a sigla deve se alinhar a partidos da chamada “esquerda progressista”, mas isso não inclui o PDT, partido dos irmãos Ciro e Cid Gomes. O PSOL deve ter candidatura própria em Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Potengi, Limoeiro do Norte, Iguatu, Juazeiro do Norte, Crateús, dentre outros. Acompanhe a seguir a entrevista que Ailton Lopes concedeu ao Blog do Edison Silva.

BES – Qual deve ser a prioridade do PSOL Ceará em 2020?

AL – A defesa dos direitos da classe trabalhadora e da democracia, o enfrentamento aos ataques do governo Bolsonaro, dos demais governos e da burguesia e o combate ao fascismo. Como temos eleições, também vamos eleger o máximo de lutadores e lutadoras do povo.

BES – Como você pretende organizar o partido para a disputa eleitoral deste ano? Quais cidades são prioritárias para a legenda?

AL – Neste ano teremos os Congressos do Partido, estadual e nacional, que definirão as linhas estratégicas, o programa partidário, a política de alianças, etc. O Congresso Estadual será nos dias 25 e 26 de abril. Neste processo, teremos plenárias em todos os municípios em que temos PSOL organizado. Mas já temos feito esse debate em vários locais. Fortaleza certamente é uma prioridade com a pré-candidatura de Renato Roseno colocada. Além disso, já temos pré-candidaturas em Maracanaú, com o professor Carlos Eduardo; Caucaia, com o professor Rodrigo Santaella; Potengi, com o agricultor Edson Viriato; Limoeiro do Norte, com o professor Rameres; Iguatu com o bancário Márcio Alves; Juazeiro, com o jornalista Demontier Fernandes; além de Crateús, Morada Nova, Crato, Baturité, Bela Cruz e outros municípios que ainda estão em discussão.

BES – Apesar de seus 15 anos de fundação, o PSOL possui apenas um parlamentar em todo o Estado. O que fazer para mudar essa situação em 2020? Modificar as alianças está no campo de possibilidade?

AL – Aumentamos nosso número de filiados e militantes nos municípios e atuação nos diversos movimentos sociais. Mesmo não tendo eleito nenhum deputado federal, tivemos boas votações como da professora Zuleide, do Crato. E nas últimas eleições para a Câmara de Vereadores, batemos na trave por causa do quociente eleitoral, impedindo, por exemplo, que eu assumisse uma vaga na Câmara de Fortaleza, mesmo tendo a quinta maior votação. Com as mudanças nas regras, isso pode não ser mais um impeditivo para o PSOL. Nossa estratégia continua a de colocar a disputa institucional a serviço da luta social e das lutas do nosso povo. É assim que deve ser num partido de esquerda e é assim que também vamos crescer.

BES – O PSOL deve manter aliança apenas com PCB (e talvez UP) ou poderá estar ao lado de outras legendas da esquerda progressista, tipo PT, PCdoB, PSB ou PDT?

AL – O PSOL baseará suas alianças pautado na defesa dos interesses da classe trabalhadora, no combate às opressões e toda forma de exploração. Portanto, não participaremos de nenhuma aliança onde haja na composição partidos da direita, fundamentalistas e golpistas. No campo da intitulada “esquerda progressista”, qualquer aliança deve levar em conta os aspectos a que já me referi: não compor com direita, golpistas e fundamentalistas; além do compromisso com a defesa dos interesses da classe trabalhadora. Outro aspecto que decorre dos anteriores é a independência frente aos patrões, às corporações e às oligarquias locais. Isso já retira, por exemplo, o PDT de qualquer aliança em Fortaleza e na maioria dos municípios, pois servem à especulação imobiliária, governam para os ricos e as corporações, são aliados à direita e golpistas como é o caso do DEM, representam a velha forma de fazer política baseada em oligarquias familiares e no fisiologismo político; tudo o que Ciro Gomes critica da boca pra fora, mas faz em todo o estado.

BES – Há possibilidade de aliança em um eventual segundo turno com uma dessas legendas?

ALO PSOL lutará para estar no segundo turno, fazendo uma campanha coerente, apaixonante e arrebatadora, pé no chão, dialogando com as pessoas e discutindo os problemas que, de fato, importam para o povo. Não dá para vivermos numa cidade feita apenas para os ricos, turistas estrangeiros e as grandes corporações. Metade do povo de Fortaleza não tem esgoto tratado. Mas não falta dinheiro para as obras na Beira Mar.

E tem pré-candidato a prefeito como o tal do capitão, que votou pela privatização do saneamento. Diz que defende o povo, mas que povo? Só se for da turma do Tasso Jereissati (PSDB). Fortaleza não precisa de outro capitão. A gente já está vendo o destroço em nível federal.

Qual trabalhador vai ter condições de pagar por saneamento com as taxas que a iniciativa privada vai cobrar? Enquanto isso, governador dá 100 milhões de reais pra empresas de aviação, tirado do bolso do povo. O prefeito é o prefeito dos patrões da construção civil, dos donos das empresas de ônibus. Por isso, não se importa com demissão dos cobradores dos ônibus e deixar população na rua porque não tem o cartão pra pegar o ônibus. Um absurdo!

Enquanto o “capitão” vota pra privatizar o saneamento e o prefeito deixa população na rua e governa para os ricos, o Renato Roseno (PSOL) aprova Projeto de Lei que isenta a taxa de esgoto para trabalhadores e trabalhadoras desempregados no Ceará, só pra ficar nesse exemplo. Veja a diferença! Quem realmente está do lado povo.

Enquanto Roberto Cláudio (PDT) governa pra especulação imobiliária, o PSOL está na luta para garantir moradia digna e infra-estrutura social e urbana para toda a população, especialmente na periferia. Quase metade da população de Fortaleza não tem uma moradia digna onde morar!

Nós, do PSOL, estamos do lado do povo trabalhador e queremos avançar com um governo do povo e não mais estes governos dos mais ricos que governam para os mais ricos. Precisamos garantir que o povo vote num governo que seja do povo.

BES – O PSOL já tem todo o quadro de eventuais candidatos a vereador de Fortaleza? Quem são os nomes já colocados?

AL – Viremos com uma chapa forte de lutadores e lutadoras do povo: Nestor, operário da Construção Civil que já foi nosso suplente de deputado; Anna Karina que foi nossa candidata ao Senado; do jornalista e artista Ari Areia que é atualmente nosso suplente de deputado estadual; Helena Vieira, militante trans que foi candidata à deputada federal; da artesã Adelita, do Jamieson Simões, que foi nosso candidato ao Senado. Também temos algumas chapas de candidaturas coletivas: como a de mulheres negras de diversas lutas, o coletivo Democracia 4.0; há a discussão de uma chapa coletiva também de ambientalistas socialistas. São muitas pré-candidaturas de diversos lugares da cidade e de diversas lutas sociais. Além de minha pré-candidatura também a vereador. Em 2016, já tivemos mais de 12 mil votos e desta vez não vamos mais bater na trave. Vamos eleger, pelo menos, dois vereadores ou vereadoras.

BES – O partido inevitavelmente terá candidato a prefeito em Fortaleza? Renato Roseno deve ser o indicado do partido para a missão?

AL – Renato é o melhor candidato. No mandato do PSOL como deputado estadual, está presente em todas as lutas do nosso povo e garantindo direitos aos trabalhadores e trabalhadoras. Votou a favor de todas as matérias que garantiam mais direitos e contra as que retiravam direitos ou que piora a vida dos trabalhadores como foi agora com a perversa Reforma da Previdência de Camilo Santana (PT). Renato esteve, como sempre, do lado dos trabalhadores e trabalhadoras. Na luta para garantir mais dinheiro, recursos e condições para a educação e a saúde pública e uma política de emprego digna para nosso povo. Foram e são muitas lutas, desde sua militância política no movimento estudantil e na defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

BES – Ele já tentou outras vezes. O que faz o PSOL crer que desta vez possa ser diferente, possa ser melhor para uma legenda pequena e de esquerda?

AL – Uma hora o povo dá o troco. Os trabalhadores e trabalhadoras viram o jogo. Não pode continuar sendo um governo dos ricos contra os pobres, aos quais só são dadas as sobras. A direita reacionária e conservadora também enganou o povo, mentiu como sempre, com sua fábrica de fakenews e de produção de medo e terror. Enquanto isso, a vida do povo piorou: o desemprego continua alto, aumentou a informalidade, está mais caro o custo de vida: pra se alimentar, pra se vestir, pra morar, pra viver. Enquanto o povo está desempregado, a direita vive de perseguir artista, professor, jornalista e todos os que pensam diferente de suas asneiras. Há diversos ataques à democracia. Basta de capitão, de milico e de terraplanistas. Basta de mentira, enganação e terror. O que o povo precisa é de educação e saúde de qualidade, emprego, moradia, saneamento, cultura, vida digna, de direitos. E uma hora o povo vai responder.