André Fernandes reiterou fidelidade ao presidente Bolsonaro e se disponibilizou para ajudar na criação de um novo partido. Foto: Marcelo Bloc/Blog do Edison Silva.

O deputado estadual André Fernandes (PSL) voltou a fazer críticas ao próprio partido, afirmando que irá para a sigla que o presidente Jair Bolsonaro for. O parlamentar seguiu seu ritual diário na Assembleia, de adentrar ao Plenário, dar presença e deixar a sessão. Dessa vez, porém, passou pelos jornalistas que cobrem o cotidiano da Casa, parando para dar entrevista.

“O presidente pretende sair do partido e, Bolsonaro saindo do partido, eu saio junto. Não tenho problema nenhum, já mostrei minha infelicidade com o partido hoje e, sempre falei: meu partido é o Brasil. Para onde o presidente for, eu vou junto e levanto a bandeira do Brasil”, afirmou ao Blog do Edison Silva.

André confirmou que recebeu uma notificação do PSL cearense, devido a um vídeo publicado em sua redes sociais. “Recebi a notificação e fui convidado para uma audiência do Conselho de Ética do partido. Provavelmente vão querer me expulsar”, disse o parlamentar, com um sorriso nos lábios. “Eu não vejo problema nisso não”, concluiu. André responde a processo disciplinar no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa.

Confira alguns temas abordados pelo parlamentar, que estava com a língua afiada como há meses não se via.

PSL

“Se dependesse de mim, já tinha sido expulso, é questão de honra. Eu vou para onde o presidente quiser, hoje o PSL está uma vergonha. Dizem que alguns da bancada bivarista (Luciano Bivar) querem lançar Joyce Hasselman à presidência. Pera aí, a mulher nem criou asa ainda, não tem força nem para ser candidata a prefeita e quer ser candidata a presidente da República? É esse o povo que está do lado de Jair Messias Bolsonaro? Se eu for expulso do PSL, é uma questão de honra”.

> André Fernandes fala de sua posição diante do PSL, seu partido. Ouça:

Desavenças com deputado federal Heitor Freire (presidente do PSL/CE)

“Alguém que grava o presidente e manda para a imprensa, é traição. Ele fala que não foi ele que gravou, mas fala que foi ele que conversou com o presidente. Espera aí, se ele conversou com o presidente, se o celular estava no viva-voz e a voz dele está nítida, se ele não gravou, ele pelo menos sabe quem foi que gravou. E se, em outro áudio gravado, ele fala que conversou com o presidente e tem gravações, isso tá muito mal contado. A conta não fecha. A gente sabe que foi ele, a família Bolsonaro sabe que foi ele, não é a toa que ele já foi destituído da vice-liderança, assim que Eduardo Bolsonaro assumiu (a liderança do partido)”.

Situação na Assembleia

“Aqui tá tranquilo. Eu não vejo porque ter desespero aqui na Assembleia, minha relação com os demais deputados está boa demais. Continuo colocando projetos, aprovando projetos, requerimentos, então… Aqui, meu trabalho está muito bem, bem como fora da Assembleia, fazendo a questão fiscalizadora do governador Camilo Santana. E esta semana ainda, recebi denúncias contra o governo do Estado, vou dar mais uma pancada no governador e dessa vez ele vai ficar tonto”.

Processo no Conselho de Ética da Assembleia

“Não sei no que vai dar, mas acredito que, pelo grau do acontecimento, não seja nada grave. Até porque para ser grave deva ser algo extraordinário, como o histórico da Casa já mostra isso. Estou tranquilo com essa questão, continuo dormindo tranquilamente. Meu papel não é investigar, meu papel é receber (denúncias) e, se eu receber e ficar calado, eu estarei sendo omisso. Então o que eu receber, eu vou encaminhar. Agora, o meu discurso, onde eu falei aqui que supostos deputados, falei no plural, foi errado, foi sim. Falei em um momento de exaltação, de revolta. É tanto que eu já pedi desculpa”.

Comparecimento ao Plenário somente em dias de votações

“Eu vou estar aqui para fazer o quê? Para estar parabenizando o governador e criando Dia Estadual de Num-Sei-o-Quê? Semana Estadual de Num-Sei-o-Quê? Daqui a pouco eu vou ter que protocolar a Semana do Nada”.

Crítica aos colegas deputados

“Existe uma coisa inédita no Estado do Ceará. São pessoas que estão com o governo federal e que estão com o governo estadual. Vemos aí vários deputados que, lá (em Brasília) se mostram com o presidente Jair Bolsonaro, chamam os ministros, mas quando conseguem os recursos dão os créditos ao governador e aos Ferreira Gomes. Com esse povo aí eu não quero aliança. Se trouxe alguma coisa para o Nordeste, que diga que foi através do presidente Jair Messias Bolsonaro, que dê o crédito a quem merece”.

Futuro

“Bolsonaro vai sair do partido e nós vamos sair junto. Provavelmente será criado o Partido da Defesa Nacional. Precisa de 500 mil assinaturas, mas a gente consegue rápido. Aqui no Ceará, eu me responsabilizo de levantar 100 a 200 mil assinaturas. Um partido de quem está do lado do presidente”.

> Fernandes fala da possível criação de uma nova sigla partidária. Ouça: