Priscila Costa chamou o informativo de Evaldo Lima de “fake news”. Foto: Reprodução.

O vereador Evaldo Lima (PCdoB) até tinha boa intenção, mas seu projeto, que dispõe sobre a Liberdade de Cátedra para professores da rede pública de ensino de Fortaleza já é a pauta mais polêmica da Câmara Municipal. Nesta quarta-feira (30), o parlamentar chegou a ser chamado de “mentiroso” por publicar informativo no qual diz ser “fake news” que sua proposta trata sobre a famigerada “ideologia de gênero”.

A vereadora Priscila Costa (PRTB) foi quem subiu o tom ao criticar o informativo distribuído por Evaldo Lima para seus pares no Plenário Fausto Arruda. Segundo ela, é  “mentira” que o projeto do parlamentar dispõe sobre liberdade de cátedra. Ela ainda chamou de “baixa” e “desleal” a distribuição do informativo para os demais vereadores.

“Você entregou na mão dos vereadores, de maneira desleal e baixa a frase fake news, chamando Priscila Costa de fake news, dizendo que eu afirmei que você propõe em seu projeto ideologia de gênero”, criticou a parlamentar. Costa afirmou que não falou, em momento algum, que sua proposta trata sobre o assunto “ideologia de gênero”.

O comunista destacou que o informativo trata sobre a defesa da valorização do professor e da professora, e não sobre questões de costumes, “muito menos sobre ideologia de gênero”. “O nosso projeto não trata da pauta de costumes, não trata de ideologia de gênero. Não faz parte da pauta de nosso mandato”, destacou.

Jorge Pinheiro (DC), autor da emenda rejeitada que proibia o ensino de ideologia de gênero nas escolas, foi à tribuna e levou um documento do Sindiute que trata das pautas de reivindicações do sindicato para 2020. Segundo ele, diferente do que disse Lima, a proposta traz, sim, a intenção de incluir o “estudo de ideologia de gênero nas escolas”.

“Está aqui na pauta da campanha salarial deles. Quando eles falam de liberdade de orientação de gênero. Eles querem essa liberdade. Não são os professores, mas alguns que estão no sindicato”, disse o parlamentar ao ler o documento. “O sindicato manifesta no site deles uma moção de repúdio contra o ‘projeto de Lei’ que proíbe o ensino de gênero nas escolas”.

Pinheiro citou o nome de vereadores que, segundo ele, são contra o ensino da chamada ideologia de gênero nas escolas. Dentre os quais estariam: Jorge Pinheiro, Priscila Costa, Gardel Rolim, Antônio Henrique, Eron Moreira, Idalmir Feitosa, Ruthmar, Libania, Dr. Porto, Odécio Carneiro, Mairton Félix, José Freire.

“Aqui em Fortaleza não vão. Essa Câmara não aceita o ensino de ideologia de gênero nas escolas. Eu vou citar todos os vereadores, porque sei que esse projeto vai se espatifar na muralha, que é a Câmara de Vereadores”, disse.

A vereadora Priscila Costa também destacou a pauta de demandas do Sindiute. Ao Blog do Edison Silva ela afirmou que a sociedade de Fortaleza precisa saber o que está publicado no documento do sindicato.

“O sindicato foi apresentado pelo vereador Evaldo Lima na CCJ, como um dos grandes interessados na aprovação do PL524 que dá “liberdade de expressão” para professores e proíbe registros de áudios e fotos na sala de aula. Foi com a ajuda do vereador que o grupo derrubou a emenda ao projeto que protegia as crianças da exposição à ideologia de gênero. O Sindiute chegou a emitir nota em seu site, repudiando a tentativa de proteger as crianças da ideologia de gênero”.

Conversamos com a presidente do Sindiute, Ana Cristina Guilherme, que afirmou se tratar de um equívoco os posicionamentos dos parlamentares. Segundo ela, as pautas destacadas na luta salarial do sindicato para 2020 foram retiradas do documento da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que inclui a liberdade de orientação de gênero. A dirigente ressaltou, ainda, que o documento trata sobre as lutas dos professores, e não sobre o que será ensinado em sala de aula.

“Essa discussão não ajuda em nada, ela só traz muitos prejuízos para os mais de 13 mil professores da rede pública. Os pais ficam a desconfiar, porque algumas falas são bem preocupantes. Os professores estão querendo que as pessoas mudem de gênero? Onde já se viu isso em algum lugar do mundo?”, questionou Ana Cristina.

Documento do Sindiute mostrado por Priscila e Jorge Pinheiro. Foto: Reprodução

Pautar

Segundo ela, a escola, quando da discussão sobre relação homoafetiva, protege o aluno e não discrimina. “Só consigo entender que isso seja um equívoco. O que não for equivoco de interpretação, de conteúdo subjetivo, é fake news. Estão querendo confundir a população de Fortaleza”.

Como o Blog do Edison Silva vem noticiando, em princípio, não há interesse do presidente da Casa, o vereador Antônio Henrique em pautar o projeto, visto a polêmica que ele está levando ao plenário da Câmara. Evaldo Lima, junto com Guilherme Sampaio (PT), até tentaram convencê-lo a colocar a matéria para ser votada, mas o chefe do Legislativo Estadual não concordou com a sugestão de seus pares.

Atualização

No fim da tarde desta quarta-feira (30), o presidente da Câmara, vereador Antônio Henrique, decidiu colocar a matéria para votação na sessão desta quinta-feira (31).