Plenário da Assembleia praticamente vazio nesta sexta-feira (27), com o orador falando apenas para quatro outros deputados na Mesa Diretora e assessores. Fotos: Blog do Edison Silva

Nem todos os deputados estaduais parecem concordar com o governador Camilo Santana, que pediu endurecimento da legislação antiterrorismo, após nova onda de ataques feitos por facção criminosa no Ceará, nos últimos dias. Durante o primeiro expediente desta sexta-feira (27) na Assembleia Legislativa, o deputado Renato Roseno (PSOL) definiu como perigosas as declarações do chefe do Poder Executivo, classificando-as como ‘populismo penal’.

No dia anterior, o deputado Fernando Hugo destacou a entrevista do governador Camilo, defendo uma legislação mais forte para combater o crime organizado. Vários outros deputados, inclusive não aliados do governador, corroboraram com o discurso de Hugo. Antes, logo no início da semana, todos os deputados que trataram dos ataques que estavam acontecendo no Ceará, destacaram o discurso do governador de que não abrandaria a ação do pessoal da segurança contra os criminosos

Para Roseno, o governador erra duas vezes ao fazer declarações deste tipo. “Erra tecnicamente e politicamente. Primeiro, porque no país já há tipificações penais para todos esses crimes e, segundo, porque ele está contrariando posicionamento do seu próprio partido sobre o tema”, declarou o parlamentar.

Segundo o deputado, “quando o governo faz esse apelo, ele entra numa seara de populismo penal, jogando a decisão para a população que clama por soluções imediatas contra o crime organizado”. Roseno disse ainda que, “para acabar com a problemática é necessário políticas públicas que passam pela valorização, inteligência e formação do policial civil do Estado, prevenção e urbanismo social”. Roseno acrescentou ainda que os indicadores de violência letal estão concentrados no Norte e Nordeste porque houve uma migração do Sul e Sudeste do país e, por isso, a fala do governador seria “um depoimento equivocado e perigoso”.

Nenhum deputado governista contraditou Roseno. Nesta sexta-feira (27), como em outras oportunidades, o plenário estava praticamente vazio. A sessão foi aberta com bastante atraso esperando a chegada de deputados para registrarem suas presenças, visto que os trabalhos só podem começar quando um mínimo de 16 deputados registrarem suas presenças. No momento do discurso de Roseno só uns quatro deputados estavam no plenário, mas nenhum deles fez a defesa do governador