Damares Alves é ministra da Família e dos Direitos Humanos do Governo Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

A Assembleia Legislativa do Ceará aprovou, por 22 votos a favor e 5 contrários, a concessão do título de cidadania cearense à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Governo Federal, Damares Alves, requerido pela deputada Dra. Silvana (PL).

A pauta gerou muita discussão na Casa, havendo discordâncias inclusive de deputados do mesmo partido.

Pela liderança do Partido dos Trabalhadores (PT), o deputado Acrísio Sena leu um posicionamento do coletivo estadual de mulheres do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), pedindo voto contrário à concessão, afirmando que a ministra costuma proferir pronunciamentos que ‘vão contra o empoderamento das mulheres’, além de, segundo ele, nunca ter enviado 1 centavo à Casa da Mulher Brasileira no Ceará. Elmano de Freitas afirmou não vê em Damares nenhum feito ao Estado que justifique o título de cidadã. Também petista, Fernando Santana – que comandava a mesa na hora da votação – afirmou que respeita a indicação da colega Silvana e que votaria a favor.

Pela liderança do PSOL, Renato Roseno afirmou que o desempenho da ministra no cargo é ‘pífio’. “Seu trabalho se notabiliza mais por fazer declarações polêmicas para ganhar notoriedade. Declarações misóginas, que atiçam o combate aos direitos humanos”, afirmou. Os deputados do PCdoB, Augusta Brito e Dr. Carlos Felipe, também declararam serem contrários à indicação, por não verem méritos no trabalho da ministra, até o momento, em relação ao estado do Ceará.

Apoio à indicação

Pelo PDT, os deputados Sérgio Aguiar e Salmito afirmaram aprovar a indicação, mesmo demonstrando discordâncias com o trabalho da ministra. Audic Mota ressaltou que a Casa deve reconhecer as indicações dos colegas e não se basear em diferenças partidárias, em respeito aos demais parlamentares. Ele lembrou que outros títulos de cidadania foram dados na Assembleia sem que houvesse nenhuma discussão do tipo, no que fora rebatido pelo colega Acrísio Sena, rogando pela mudança do Regimento quanto a esse assunto, visto que Audic lidera a comissão que debate as mudanças no Regimento Interno da Casa.

Autora da requisição do título de cidadania, Dra. Silvana, afirmou que esperava que votação não ocorresse no mesmo dia do projeto de inclusão da Parada da Diversidade Sexual no Calendário Oficial de Eventos do Estado, para que não houvesse confusão. A deputada diminuiu argumentos do colega Elmano, afirmando que Damares fez e faz muito pelo Ceará e os demais estados brasileiros. “Ele deve não ler jornais, ele deve não acompanhar os sentimentos das pessoas, ele deve não acompanhar o sentimento do Evangelho, de ver uma ministra que tem coragem de dizer ‘Eu sou evangélica, eu tenho a fé’, mas tem coragem de defender os direitos humanos dos homossexuais, do transexual. Nós, evangélicos hoje, nos sentimos representados por ela”, afirmou a deputada para o Blog do Edison Silva.