Marta Gonçalves não participou de sessões remotas ou presenciais da Câmara de Fortaleza. Foto: Divulgação.

A vereadora Marta Gonçalves (PL), alvo de representação por quebra de decoro parlamentar, ainda não compareceu à Câmara Municipal de Fortaleza neste ano.

De acordo com outros vereadores da Casa, a parlamentar participou de apenas uma sessão ordinária durante toda a atual Legislatura.

Marta, que até o fim de março passado era titular da Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas da Prefeitura de Fortaleza, solicitou exoneração para poder participar do pleito eleitoral deste ano, quando tentará reeleição.

Marta, no entanto, não participou de nenhuma das sessões ordinárias da Casa, muito menos das plenárias remotas, que ocorreram até o fim de julho por conta da pandemia do novo coronavírus. Nesse período, os vereadores de Fortaleza se debruçaram sobre diversos projetos de relevância para a cidade, principalmente, aqueles de autoria do Executivo, que visavam minorar os efeitos da Covid-19 na vida das pessoas.

No gabinete de Gonçalves, de acordo com funcionários da Câmara, assessores aparecem de vez em quando, mas na sessão ordinária desta semana, o espaço ficou fechado durante todas as atividades legislativas do dia. Outros vereadores ouvidos pelo Blog do Edison Silva informaram que Marta não é vista no Plenário Fausto Arruda ou nos corredores da Casa desde o início da atual Legislatura.

Há cerca de duas semanas, após o vazamento de áudio do deputado estadual Bruno Gonçalves, filho de Marta, tentando comprar apoio de um suplente de vereador para ajudar na reeleição dela, o PROS denunciou a vereadora, por quebra de decoro parlamentar, visto que ela foi citada como beneficiária de um suposto esquema de compra de apoio de pré-candidatos em Fortaleza.

Em conversa de Bruno com o suplente de vereador, Maninho Palhano, o parlamentar afirma que pretende reeleger a mãe com ao menos 12 mil votos, mas que ela não ficaria na Câmara Municipal, cedendo espaço para um suplente de vereador, em eventual negociação com o próximo gestor da cidade.

Cassação

De acordo com a ação do PROS, “o cerco foi montado para desequilibrar o processo eleitoral, para fins de se comprar a vaga de vereadora Marta Gonçalves – Representada, nas eleições de 2020”.  Na representação, o partido requer investigação dos fatos, notificação de Marta Gonçalves, depoimento da representada, oitiva com testemunhas e demais envolvidos, além de sanções cabíveis, inclusive, com cassação do mandato da vereadora.

Passado todo esse tempo, a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Fortaleza ainda não se debruçou sobre o caso. Questionado sobre a representação, o presidente da Casa, Antônio Henrique (PDT), afirmou ao Blog de Edison Silva que ainda estava averiguando, com a assessoria jurídica do Legislativo, para saber como será o procedimento a ser adotado.

Bairros

Em 2016, Marta Gonçalves foi eleita com 6.685 votos, sendo votada em 102 bairros de Fortaleza. A maior concentração de votos da vereadora ocorreu em Messejana, Lagoa Redonda, Pedras e Coaçu, bairros que fazem limite com o município do Eusébio, onde ela é primeira-dama.

Durante toda a Legislatura, a Marta apresentou apenas dois requerimentos na Casa Legislativa, nenhum deles de interesse da população fortalezense. São apenas requerimentos informando licença e um comunicado de retorno às atividades parlamentares. Atividades essas que Marta ainda não exerceu.