Júlio Brizzi foi líder do PDT no início do Governo Sarto, mas deixou a função após se distanciar do prefeito. Foto: CMFor

O vereador Júlio Brizzi (PDT) diz lamentar o momento vivido pela sigla pedetista no Ceará no último ano, e acredita que, com diálogo e perdão possa haver um retorno da boa convivência interna. Para o parlamentar, a falta de diálogo e trato do prefeito Sarto fizeram com que partidos que apoiaram sua candidatura se afastassem o que contribuiu para que o chefe do Executivo Municipal se aproximasse de quadros bolsonaristas no Estado.

Segundo o vereador, nos últimos meses o PDT havia retomado uma vida partidária, com reuniões periódicas, a participação de seus membros, envolvendo lideranças do Interior e da Capital. No entanto, isso, em sua avaliação, foi por água abaixo após o presidente da legenda, André Figueiredo, ter destituído o senador Cid Gomes da presidência interina da legenda.

“Já participei de muitos debates no PDT, momentos de disputa, de debate. Participei da executiva municipal durante 15 anos e não lembro de nenhum outro momento tão constrangedor”, afirmou. Segundo Brizzi, aliados do prefeito Sarto têm feito cobranças para que o restante do grupo pedetista apoie a gestão do prefeito, visto ele ser filiado à sigla e Fortaleza ser a maior cidade gerida pelo partido.

De acordo com ele, porém, em 2020 todos estavam alinhados com a candidatura de Sarto, quando Roberto Cláudio fez seu sucessor, tendo o pedetista apoio de um arco de aliança dialogada de um projeto político integrado. No entanto, em sua avaliação, desde que assumiu, o prefeito, partidos aliados saíram da base, como PSD e PSB e não querem diálogo com a gestão.

“O Sarto não dialoga, não respeita o contraditório, não respeita as pessoas da própria base, não para para escutar. Na eleição de 2022 eu fui candidato, apoiei o Roberto Cláudio, apoiei o Ciro Gomes até o o final. Quando o Lula foi para o segundo turno, sugeri uma nota de apoio ao Lula e a bancada não aceitou. O Sarto fez uma foto e não participou da campanha”, apontou.

Ainda de acordo com Brizzi, “está claro e posto o alinhamento político do Sarto com o Wagner e os bolsonaristas. Estão trabalhando juntos aqui (na Câmara Municipal) e na Assembleia Legislativa. Está claro, público e posto”. Ele lembrou, ainda, que o líder do PDT no Legislativo de Fortaleza, Didi Mangueira, convidou Márcio Martins (SD), alinhado de Capitão Wagner, para se filiar à sigla pedetista.

“Ficou explícito o que todo mundo sabe desde 2021. Essa foi a trajetória que o Sarto construiu. O PDT (de Fortaleza) está isolado, poucos partidos apoiando. Para vir defender a gestão, o líder Carlos Mesquita e o vice-líder Didi Mangueira fazem um esforço hercúleo. Porque é necessário esse esforço. As pessoas acham que o Sarto não trabalha, mas a gestão tem o que mostrar”, pontuou. Fato político Segundo ele, na reunião do PDT na sexta-feira passada, antes de qualquer postura mais enfática por parte de Cid Gomes, ele foi atacado por pessoas que são assessoras de André Figueiredo e nenhuma atitude foi tomada, a não ser quando o senador se posicionou. “Só repreendeu porque o Cid se exaltou. Que espécie de liderança é essa? O que ocorreu é que se criou um fato político e na segunda-feira, com esse argumento, descumpriu-se um acordo e desfizeram o que estava sendo feito no partido”.

Em sua avaliação, “o momento é muito ruim para o PDT”, que vinha, segundo disse, em um trabalho de reconstrução. “Lamento muito. Desde o começo dessa confusão, tenho me colocado a favor de acabar a briga, de se organizar em prol do partido, mas está cada vez mais difícil”.

“Espero que em algum momento as mágoas possam sair e o perdão possa existir nesse meio, e a gente possa encontrar a solução. Fora da humildade, fora do perdão, não vejo solução” – (Júlio Brizzi)

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