Sistema eletrônico de votação é constantemente atualizado com o que há de mais moderno, a fim de garantir o sigilo e a proteção do voto. Foto: Reprodução

O Brasil é pioneiro no mundo na utilização de um sistema eletrônico de votação. Adotada no país desde 1996, a urna eletrônica foi desenvolvida para eliminar fraudes e limitar a intervenção humana durante o processo de voto, requisitos capazes de romper a triste tradição de manipulações dos resultados eleitorais, até então registrada na trajetória da democracia brasileira.

Genuinamente nacional, desde o primeiro protótipo, desenvolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda no início da década de 1990, o projeto da urna eletrônica já trazia o que havia de mais avançado à época para garantir a segurança da votação e a inviolabilidade do voto. Desde então, a urna vem passando sistematicamente por constantes aperfeiçoamentos e melhorias com o que há de mais moderno em tecnologia e segurança, tanto nos componentes de software, quanto na modernização física do equipamento (hardware).

Entretanto, existem dispositivos imutáveis, como se fossem ”cláusulas pétreas” do sistema: as urnas eletrônicas nunca se conectam a nenhum tipo de rede, internet ou Bluetooth, e sempre devem entregar aos milhões de eleitores brasileiros um aparelho intuitivo e de fácil manejo no momento do voto.

Secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Julio Valente ressalta que a evolução contínua do equipamento, absorvendo tudo o que há de mais moderno em termos de criptografia, assinatura e resumo digitais, é sempre aplicada com objetivo de fortalecer a proteção. “A segurança do voto, a segurança do desejo do eleitor sempre estão respeitadas em todos os modelos de urna eletrônica”, destaca.

Sucesso

E o sucesso da urna é incontestável. Até hoje, nunca foi comprovada fraude no equipamento. Desde a implantação, ele já passou por uma série de procedimentos de auditoria de dados e de checagem de hardware e softwares, sem que nada pudesse depor contra a tecnologia. Portanto, a urna e o sistema eletrônico de votação seguem incólumes.

A bem-sucedida trajetória da urna eletrônica já abrange a coleta de votos de milhões de eleitoras e eleitores em 27 eleições gerais e municipais (contando os dois turnos), com total segurança, auditabilidade e transparência.

Para entender a dimensão da maior eleição informatizada do mundo, basta verificar os números das Eleições Gerais de 2022: mais de 156 milhões de eleitores, que votaram em mais de 577 mil urnas eletrônicas instaladas em seções eleitorais de 5.570 municípios.

Linha do tempo urna eletrônica 05.04.2023

Transformação da urna eletrônica desde o anos 90 até os dias atuais. Foto: Reprodução

Constante evolução

Constatações que o chefe da Seção de Voto Informatizado do TSE, Rodrigo Coimbra, reitera que podem ser verificadas pela sociedade brasileira: ”O fato é que a Justiça Eleitoral trabalha duro para garantir que a votação ocorra de forma segura, transparente e eficiente. E o sucesso e a qualidade desse trabalho podem ser conferidos pela população ao final de cada eleição”.

O primeiro dispositivo de segurança implementado na urna eletrônica já quando ela foi usada pela primeira vez, em 1996, foi a criptografia do Boletim de Urna. Isso significava que os resultados gravados pelo equipamento não poderiam ser modificados até chegarem aos aparelhos responsáveis pela totalização dos votos. Um mecanismo que garantia a integridade da votação.

Para as Eleições 2002, foi introduzida a assinatura digital do software e dos dados que são utilizados na urna eletrônica, incluindo os resultados que ela produz, como o Boletim de Urna. Em resumo, desde então, as urnas passaram a funcionar somente com os programas desenvolvidos pelo TSE e lacrados pelas autoridades eleitorais, assim como passaram a usar apenas dados legítimos de eleitores e candidatos.

Em 2003, foi criado o Registro Digital do Voto (RDV). Ele consiste na inserção, de forma aleatória, do voto de cada eleitor – criptografado e assinado digitalmente pela urna eletrônica – em uma tabela de tamanho igual à da quantidade de eleitores da seção eleitoral. Isso possibilitou a manutenção dos votos para recontagem eletrônica a qualquer tempo, além de acrescentar segurança e transparência ao processo eleitoral.

Em 2009, as urnas passaram a contar com um hardware de segurança, o Módulo de Segurança Embarcado (MSE), que dá mais proteção à transmissão dos votos para totalização. E as novas gerações passaram a ser dotadas de ainda mais barreiras, como o fortalecimento do RDV, a inserção de novas assinaturas digitais em várias camadas do sistema e uma maior diversidade no conjunto de chaves digitais.

O mais novo modelo da urna eletrônica foi utilizado pela primeira vez nas Eleições 2022, trazendo novos recursos de acessibilidade e novidades em termos de segurança, transparência e agilidade. A urna eletrônica UE2020 teve a capacidade de processamento aumentada em 18 vezes, ganhou tela sensível ao toque no terminal do mesário e teve o perímetro criptográfico do hardware de segurança certificado com base nos requisitos da Infraestrutura Pública de Chaves Criptográficas (ICPBrasil).

Fonte: TSE