Promovido na sede do STF, encontro discutiu o papel da mulher na sociedade. Foto: Reprodução/Carlos Moura/SCO/STF

As mulheres são muito celebradas nas relações familiares e afetivas, mas ficam invisibilizadas nas relações de poder, afirmou a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, durante o evento “O Olhar Delas“, que discutiu o papel feminino na sociedade atual.

O encontro foi promovido na sede do Supremo, nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, e contou com a participação da ministra do STF Cármen Lúcia; da pesquisadora Margareth Dalcomo; da atriz Regina Casé; e da estagiária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Alcineide Cordeiro, integrante do povo indígena Piratapuya.

“Mesmo quando nós, mulheres, logramos ocupar espaço institucional, maior é o esforço para sermos ouvidas em pé de igualdade com os homens“, destacou a presidente da Corte.

Segundo ela, porém, é preciso seguir adiante, mesmo em meio a tantas adversidades. “Devemos ter, no horizonte, a construção de uma democracia que, reconhecendo a existência de diferenças de gêneros, seja capaz de garantir a homens e mulheres a efetiva igualdade de direitos.”

Já para a ministra Cármen Lúcia, a data não deve ser motivo de comemoração, mas de reflexão. “A gente deve ter dignidade somente pela condição de ser humano. Ninguém deve ser violentado em qualquer uma das suas formas, seja física, psíquica, econômica e política, pela simples circunstância de ser o que é”, salientou a ministra.

Acesso à ciência e luta antirracista

Médica e pesquisadora, Margareth Dalcolmo falou sobre a representatividade no meio científico e sobre os desafios para aumentar o acesso da mulher a universidades e centros de pesquisas. Ela também relativizou a idealização da figura feminina: “Apesar de serem metáforas bonitas, não somos guerreiras, amazonas, nem somos de aço. Somos feitas de uma substância chamada mulher, que se adequa, se adapta, se emociona, chora e sangra.”

Em fala sobre sobre a luta antirracista e de gênero, Regina Casé chamou atenção para as questões ligadas às desigualdades sociais enfrentadas pelas mulheres negras e moradoras de regiões periféricas. “Existem mulheres que trabalham exaustivamente e convivem muito pouco com seus filhos, que chegam à casa tarde ou que só os veem no fim de semana. São muitas mulheres que trabalham incessantemente pelo Brasil. Muitas delas têm inteligência, potencial e capacidade inventiva e criativa e, se estivessem em outro papel social, engrandeceriam muito mais o país”, disse a atriz.

Para Alcineide Cordeiro, a desigualdade de gênero atinge ainda mais as minorias e os segmentos específicos da sociedade: “O lugar da mulher indígena é em todos os locais em que ela quiser estar. E hoje estamos ocupando todos os lugares que, historicamente, nos foram negados”.

Ataque à democracia

A ministra Rosa Weber aproveitou o evento para lembrar que, nesta quarta, completaram-se dois meses desde que o tribunal foi palco dos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro. “Os envolvidos não lograram o seu intento, porque a nossa democracia restou inabalada e resta inabalável”, disse Weber.

Fonte: ConJur