O líder do PDT, partido do prefeito Sarto, o vereador Júlio Brizzi, questionou a tramitação de projetos do Governo Municipal em regime de urgência, sem discussão. Foto: CMFor

O início da tramitação do projeto que versa sobre a taxa de lixo em Fortaleza gerou debates entre os vereadores da Câmara Municipal, na manhã desta quarta-feira (07). Vereadores de oposição criticaram o pedido de urgência da matéria, visto a necessidade de maior discussão com a população. Até o líder do PDT, partido do prefeito Sarto, o vereador Júlio Brizzi, fez uma série de questionamentos sobre a proposta e também defendeu maior discussão sobre o texto.

A vereadora Larissa Gaspar (PT) sugeriu que o plenário derrubasse a urgência da proposta do Governo, diante da necessidade de um debate maior sobre o texto. O vereador Guilherme Sampaio (PT), por sua vez, destacou o momento econômico da população e ironizou o chefe do Poder Executivo Municipal em seu intento de querer se reeleger ao cargo de prefeito.

“Eu, realmente, nao entendo o que acontece com a Prefeitura de Fortaleza. Passada a eleição, ela continua com a insana ideia de instituir a taxa de lixo que já foi rejeitada por essa Câmara, pela Justiça, pela sociedade,e um momento em que a economia ainda patina. No momento em que a população tem renda achatada. E essa taxa, da form acomo está, é para as famílias. Não compreendo isso”, apontou Guilherme.

Segundo ele, é preciso grande debate para tratar do tema, por isso ele protocolou pedido de audiencia pública para debater o assunto. Ainda de acordo com o petista, o valor do IPTU, com a taxa, aumentará em 50%. “Em sã consciencia, esse é o momento de propor isso à sociedade?Quando a gente não sabe nem quais serão os impactos da política do Ministério das Cidades? Eu acho que se isso for a sério é que você não quer ser candidato à reeleição”, disse o parlamentar em recado ao prefeito Sarto.

“Se a gente tivesse tido uma audiência pública em que a população pudesse debater os pros e contra, a gente não teria tanto desgaste com um tema que vai ser debatido aqui de forma rápida. A gente entende que a matéria chegou ontem, à noite, vai ser debatida de forma que a gente não queria, porque precisávamos de discussão ampla sobre taxa”, disse Danilo Lopes (Avante).

De acordo com o vereador Gabriel Aguiar (PSOL), não há racionalidade no texto encaminhado pelo Poder Executivo e que não passa de “mais um tributo para o contribuinte. Ele não direciona a população para a coleta correta. Está muito ruim“, disse o parlamentar, que sugeriu a retirada da matéria de pauta.

“A gente não tem uma coleta seletiva em Fortaleza, não chega a reciclar nem 8% dos resíduos em Fortaleza. Precariedade total da coleta seletiva hoje. Se funcionasse, a Prefeitura arrecadaria cerca de R$ 22 milhões por mês. Fortaleza, hoje, é a terceira pior cidade do Brasil em emissão de gases do efeito estufa por questões do saneamento”, destacou o socialista.

Debate

“Não é um assunto tão simples para que não seja discutido. Eu confesso que em matéria tributária não quero me furtar ao debate. Fiquei com várias dúvidas. Se é matéria importante, porque vem em regime de urgência?”, questionou o líder do PDT na Casa,o vereador Júlio Brizzi. Segundo ele, a celeridade não combina com a importância da matéria. “Acho que mereceria um debate, uma explicação do Governo para que a gente possa dirimir essas dúvidas”.

“Eu sou contrário à cobrança dessa tarifa neste momento. Há momentos que são mais difíceis para nossa população e quero manifestar que eu voto de maneira contrária à tarifa do lixo,e, principalmente, porque minha mãe, na oportunidade que teve, derrubou essa tarifa ali por volta de 2003“, afirmou Jorge Pinheiro (PSDB).

Presente de Natal

A taxa de lixo é o presente de Natal do papai noel Sarto para o povo de Fortaleza. A gente não recebeu nenhum técnico da Prefeitura para apresentar o projeto. Não tivemos a oportunidade da maioria do povo poder vir aqui ouvir apresentar suas opiniões e divergências, e assim a  democracia, dentro dessa Casa, ser fortalecida”, lamentou Adriana Nossa Cara (PSOL).

“Agora, o que está sendo votado é estabelecer critérios, valores, etc. E qualquer justificativa que se faça não será digerida pelo povo. É preciso que se entenda isso. O Brasil tem uma das maiores taxas tributárias do mundo. O problema é que isso não volta para o povo e o povo não aguenta mais um valor sendo cobrado”, disse Sargento Reginauro (UB).