Para Lira, as negociações fazem parte da natureza do jogo político. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a PEC da Transição é um tema complexo e exige negociação. Em entrevista à Globonews, gravada no domingo (18), o deputado minimizou as críticas à articulação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e disse que a proposta está sendo negociada no Parlamento.

Não há nenhum tipo de confusão [na articulação política de Luiz Inácio Lula da Silva]. O que se tem é um tema complexo, é um tema duro, é um tema de um governo que não está ainda sentado na cadeira, não tem ainda a caneta na mão e não tem uma base formada”, disse.

Lira afirmou que “não se nega geralmente o primeiro pedido de um presidente eleito” e lembrou que vários outros governos tiveram dificuldade em montar a base parlamentar em início de governo. “Vários governos que antecederam o do presidente Lula tiveram dificuldade de confecção de uma base parlamentar no curto espaço. Bolsonaro levou mais de um ano e meio para montar a sua base”, disse.

Para Lira, as negociações fazem parte da natureza do jogo político. “O povo é sábio, bota às vezes o governo de esquerda com um Congresso liberal de direita para que esses freios e contrapesos sejam medidos com o intuito de promover o melhor para o país, então é normal que isso aconteça nesse momento”, disse. Ele afirmou ainda que há matérias que ultrapassam os limites partidários e são tratadas como matérias de Estado, caso da PEC da Transição.

Quarentena
Lira também minimizou críticas à proposta reduz a quarentena para que dirigentes partidários ou pessoas vinculadas a campanha eleitoral assumam a diretoria ou conselho de administração de empresas públicas e sociedades de economia mista (PL 2896/22).

Apelidada de “emenda Mercadante”, o projeto foi alvo de críticas e não deverá ser votado pelo Senado. Lira lembrou que o tema já foi discutido pela Câmara em outras ocasiões.

“Essa discussão já estava em andamento na Câmara dos Deputados e a Câmara aprovou por ampla maioria. Se o Senado não vai votar, talvez ele não tivesse o amadurecimento que a Câmara já teve”, disse.

Lira aproveitou a questão para voltar à falar da PEC da Transição, aprovada pelo Senado. “Não se pode condenar a Câmara porque ela não tem o mesmo tipo de pensamento que o Senado teve em relação a PEC. Nós temos cenários diferentes, pensamentos diferentes, partidos com composições diferentes, que dá resultados muitas vezes diferentes. Esse esforço para que a gente tenha um texto comum é o que demanda mais trabalho”, disse.

Fonte: Agência Câmara de Notícias