Ciro Gomes fala na convenção estadual do partido que homologou a candidatura de Roberto Cláudio ao Governo do Ceará

Terminado o processo sucessório nacional, com os resultados da votação de domingo (30), o PDT nacional anunciará sua posição diante dos governos federal e o cearense. Neste, já está determinado que a posição da agremiação é de oposição ao Governo Elmano de Freitas. Diferentemente das posições do PT, sempre tendente ao radicalismo, o partido que perdeu as eleições com o candidato Roberto Cláudio, não será oposição por oposição, mas quanto à participação de filiados na administração estadual, haverá um fechamento de questão para impedir que alguns dos seus parlamentares aceitem participar do secretariado, embora deixe a porta de saída aberta para quem for chamado e aceite o convite.

O partido não utilizará o dispositivo da Lei da Fidelidade Partidária contra quem deixar a sigla para ser integrante do Governo. No entanto, os suplentes e o Ministério Público, nesta ordem, ou concomitantemente, podem questionar a desfiliação. Além da questão fechada para ser oposição, uma série de providências outras serão adotadas pelo PDT para fortalecer o comando do deputado André Figueiredo, atual presidente da sigla no Ceará, reduzindo espaços do vice-presidente, senador Cid Gomes, ao tempo que abrirá espaços para Roberto Cláudio ter uma atuação nacional, com a finalidade de deixá-lo em evidência política no Ceará, onde já tem o controle do diretório de Fortaleza.

De todos os entendimentos para a tomada de posição em relação ao Ceará, Ciro Gomes ou participou diretamente deles ou foi consultado para tal. A direção nacional do PDT tem um olhar diferenciado para o Ceará, onde o controle total do partido é do Ciro que deposita em André Figueiredo, total confiança para o redimensionamento da agremiação. Ciro ainda reclama da traição sofrida por ex-aliados como Camilo Santana, e pelos irmãos Cid e Ivo Gomes. Ele, em respeito aos demais irmãos, não faz comentários sobre o seu distanciamento do senador e do prefeito de Sobral, mas o resultado pífio da sua votação no Ceará, inclusive em Sobral, fortalece o entendimento dos demais, sobre o quanto os irmãos contribuíram para a sua fragorosa derrota para Lula e Bolsonaro no Ceará.

Em Sobral, o prefeito Ivo Gomes não conseguiu dar uma boa votação para o irmão. Ao contrário. Ciro foi o terceiro colocado. Lula conseguiu 66.697 votos contra 29.665 de Bolsonaro. Apenas 22.201 sobralenses votaram no filho ilustre. Não fosse Ivo o irmão, qualquer um poderia dizer que o prefeito da cidade não pediu votos para o candidato do PDT. Mas ele pediu e até chegou a reclamar do candidato a governador, Roberto Cláudio, por, segundo Ivo, não estar pedindo votos para Ciro, quando na verdade o fazia com insistência, e tinha na sua equipe, o coordenador da campanha de Ciro no Ceará, no caso o Samuel Dias, um dos políticos mais próximos a Roberto, desde quando Samuel era o nome de Roberto para disputar a Prefeitura de Fortaleza.

Ciro, entendem pedetistas que não aderiram aos candidatos do PT no Ceará, concentrará seus esforços como oposição aqui mesmo no Estado. Independentemente do seu futuro político, sendo ou não candidato em 2026, ele quer comandar a revitalização do PDT cearense, visto não contar mais (por um certo tempo) com o concurso do irmão Cid, a grande liderança para o próprio Ciro, até a definição do quadro político estadual em que Cid preferiu ficar ao lado de Camilo Santana, denunciado por Ciro como traidor. Evidente que o envolvimento direto de Ciro na revitalização do partido no Ceará, fortalece o projeto de oposição do PDT ao PT cearense, pois, além de inibir, até certo ponto, as investidas do novo governador no aliciamento dos adversários, e as ações do senador, seu irmão, sob a alegação de o Estado precisar de união das suas forças políticas para vencer as barreiras naturais da governança, estimulará a resistência e fortalecerá os aliados.