Candidatos em debate promovido pela TV Diário. Foto: Reprodução.

No debate entre os candidatos a governador do Ceará, na última sexta-feira (16), promovido pela TV Diário, Capitão Wagner (UB) não deixou dúvida quanto ao seu propósito de investir contra o concorrente Elmano de Freitas (PT), mesmo sabendo da força política de Roberto Cláudio, o postulante do PDT, por quem foi derrotado diretamente na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, em 2016, e, indiretamente, em 2020, também na eleição de prefeito da Capital cearense, quando Roberto Cláudio comandou a campanha do prefeito José Sarto, o seu sucessor. Em dois momentos daquele encontro, com respostas de Wagner, o candidato Elmano foi duramente atingido

Wagner também foi duro, em alguns momentos, com Roberto Cláudio, mas não tanto quanto. Elmano, de fato, provocou o Capitão, a partir do tratamento sarcástico ao dirigir-se a ele tratando-o de Capitão do outro Capitão, vinculando a postulação de Wagner à do presidente Bolsonaro, que realmente existe, tanto que todos os candidatos a outros cargos ligados ao presidente Bolsonaro votam e pedem votos para Wagner, além do que o próprio Bolsonaro o relaciona como o seu candidato no Ceará. Mas, oficialmente, o Capitão não quer e nem pode estar coligado com Bolsonaro, pois o União Brasil tem sua própria candidata (Soraya Thronicke) à sucessão presidencial. Ele, realmente, fica incomodado com essa associação, principalmente por conta do desgaste da imagem do presidente.

Também o atormenta responsabilizá-lo pelos motins de policiais que tivemos no Ceará nos últimos anos. E foi pelo fato de Elmano o ter acusado de defender anistia para policiais envolvidos em motins, que o Capitão deixou Elmano constrangido. Wagner afirmou, olhando para Elmano, ter sido o petista quem o levou, em 2012 (eles eram aliados e Wagner apoiava a candidatura de Elmano a prefeito), ao ex-senador cearense José Pimentel, e ao ex-presidente Lula, para pedir a interferência deles em defesa da anistia dos policiais envolvidos no motim realizado no Governo de Cid Gomes. Elmano não contestou, o que dá crédito à palavra de Wagner e, assim, perdendo credibilidade o seu discurso contra o corporativismo do Capitão.

Mas não foi este o único momento de constrangimento para Elmano, naquele debate. Tratando de Educação, Wagner foi buscar uma decisão do extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) condenando Elmano por irregularidade enquanto secretário de Educação de Fortaleza, no Governo da ex-prefeita Luizianne Lins. Elmano confirma que ainda está discutindo essa condenação, no caso ter que devolver R$ 4 milhões ao erário. Luizianne deixou a Prefeitura, vai completar 10 anos, e o seu candidato para sucedê-la foi Elmano, derrotado por Roberto Cláudio. Luizianne ainda não apareceu na propaganda da TV, pedindo votos para Elmano ser governador.

Lamentavelmente, talvez mais só um único debate aconteça até o fim da campanha, nos últimos dias deste mês. Apesar das limitações impostas pelos próprios candidatos, temendo exposição e a consequente perda de votos, o debate ainda é muito importante para o eleitor. Até aqui, os cearenses só sabiam que era o Capitão Wagner, por corporativismo e interesse político, o defensor da não punição de policiais indisciplinados e envolvidos em motins. Foi no debate que os cearenses soubemos ter sido Elmano quem levou o Capitão até Lula e ao ex-senador José Pimentel, para interferirem na não punição de policiais, portanto estávamos todos sendo enganados, por um e pelo outro, que segredaram essa artimanha urdida, tem dez anos, para somarem resultados eleitoreiros, sem preocupação com a agressão aos cearenses, únicas vítimas dos criminosos que eles protegiam.

Assista à opinião de Edison Silva: