Encontro ficou tenso após críticas feitas pelo deputado Delegado Cavalcante. Foto: ALECE.

A primeira reunião da Comissão Especial que deve analisar o contrato de concessão da empresa Enel, e acompanhar o processo de reajuste no valor da tarifa da energia do Estado, foi marcada por atritos entre seus membros. O colegiado escolheu o vice-presidente da Casa, Fernando Santana (PT), como presidente, enquanto que Guilherme Landim (PDT), atuará como relator do grupo.

A deputada Fernanda Pessoa (UB) será o nome da oposição na comissão e foi eleita a vice-presidente da Comissão. Durante a reunião, o deputado Delegado Cavalcante (PL) criticou um “acordo” que, segundo disse, foi firmado entre os presentes para deixá-lo de fora dos principais cargos. De acordo com o parlamentar, ele foi “ofendido” duas vezes, quando em 2019 parlamentares tiraram suas assinaturas da CPI da Enel, e na reunião desta terça-feira (17).

“É muita injustiça eu ficar de fora. Eu venho fazendo este trabalho desde 2019. Acho que a população do Ceará não vai aceitar e eu vou me manifestar. Era para ter tido respeito com minha pessoa. Não tem pessoa que mais bateu na Enel do que eu. Eu não preciso ficar me aborrecendo por política profissional, por leviandade. Fui ofendido quando oito deputados tiraram as assinaturas da CPI, em 2019, e agora fizeram acordo e me deixaram de fora”, disse Cavalcante.

O líder do Governo, Júlio César Filho (PT), não gostou do discurso do colega e rebateu suas falas, acusando-o de querer tumultuar a discussão no colegiado. “Não venha aqui pegar alguém para Cristo e bater para tirar vantagem. Vamos acabar com esse discurso fácil, inflamado, Delegado Cavalcante. Se quiser colocar palavras na minha boca, não vou aceitar e vamos nos enfrentar na tribuna. Não devemos aceitar fazer desta ou qualquer comissão desta Casa um carnaval, com gritaria, com rompantes, porque a população cearense não merece. Merece um debate respeitoso“, disse.

Presidente do colegiado, o deputado Fernando Santana afirmou que vai abrir diálogo com a população, através de vários canais, principalmente, por meio das audiências públicas. Ele destacou que o reajuste da tarifa não depende do Estado do Ceará, mas da Aneel. “Nos cabe como vozes clamar em defesa do Estado do Ceará, e nos debruçaremos sobre esse contrato. Buscaremos irregularidades e regularidades para apresentar um relatório”.

Aneel

Fernanda Pessoa destacou a importância de se ouvir, mais uma vez, a presidência da Enel e toda sua diretoria. “Acho que deveríamos fazer uma visita ou convidá-los para vir aqui, para conversarmos, analisar o contrato, todos os trâmites necessários para dar à população a energia que se merece, no preço justo”, disse.

Já Guilherme Landim salientou que o objetivo do colegiado é “contribuir com o povo do Ceará que reclama há muito tempo dessa empresa”. “Agora, chega esse aumento sem nenhuma justificativa e queremos, aqui nessa comissão, discutir isso e fazer um relatório isento e contribuir com o povo do Ceará que há tanto tempo sofre com esses desmandos. A Aneel não está defendendo a população e está muito mais preocupada com as empresas”.