Os deputados Soldado Noélio e Salmito Filho, membros do colegiado, levaram o assunto para a tribuna. Foto: ALECE.

Um dia após mais depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga envolvimento de associações de militares com motins de agentes da segurança pública ocorridos em 2020, o assunto voltou a nortear os trabalhos da sessão ordinária da Assembleia Legislativa do Ceará, na manhã desta quarta-feira (20).

Membro do colegiado, Soldado Noélio (UB), voltou a apontar interesse político-eleitoral do grupo, enquanto que Salmito Filho (PDT), o presidente do colegiado, destacou a realização dos trabalhos de forma “cuidadosa e detalhada”.

De acordo com o pedetista, a partir dos dados colhidos, foi realizado uma investigação sem exposição da imagem ou honra dos envolvidos. “No entanto, houve parlamentar declarando que o trabalho da CPI não era sério e que era politicagem”.

Segundo Salmito, no momento dos depoimentos algumas contradições começam a surgir, bem como ilicitudes e ilegalidades. “Os militares são importantes e têm nosso respeito e reconhecimento, mas há aqueles que rasgam o juramento que fizeram e se envergam contra o que se comprometeram. Houve aqueles que colocaram a população cearense em risco, como refém, sequestrando viaturas e ameaçando comerciantes. Isso é crime, segundo o Código Penal Militar”, enfatizou.

Salmito lembrou que os militares têm prerrogativas especiais e legislação especial, diferentes dos civis, e que isso é necessário e importante, mas precisam se atentar às suas obrigações. Ele ressaltou que, de acordo com um dos depoimentos, as decisões da Associação dos Profissionais de Segurança (APS) partem de um núcleo político, que seria encabeçado por Capitão Wagner (UB), Soldado Noélio e o vereador Sargento Reginauro (UB).

Veja trecho da fala de Salmito Filho:

Para o líder do Governo, Júlio César Filho (PT), as recentes revelações trazem preocupação e aumentam as suspeitas de que havia uso de tais associações para promoção política de seus membros.

Soldado Noélio, por sua vez, em seu pronunciamento, destacou o aumento da violência no Ceará, desde a gestão do ex-governador Cid Gomes, e voltou a criticar a atuação da “CPI do Motim”. Segundo ele, o trabalho do colegiado é uma “ação politiqueira contra o candidato Capitão Wagner”. “Porque não fazem uma CPI do Acquario Ceará? Porque a razão dessa CPI é enfraquecer o oponente mais forte contra o atual Governo. Essa é a razão”, afirmou.

Após um dos depoentes ter recebido proteção policial, a pedido do presidente da CPI Salmito Filho, Noélio solicitou ainda que a Assembleia Legislativa conceda segurança para o deputado André Fernandes (Republicanos), que foi vítima de perseguição e disparos de arma de fogo contra seu carro no município de Solonópole.

Veja trecho da fala do Soldado Noélio:

Segurança

Para o deputado Osmar Baquit (PDT), há uma clara tentativa de a oposição do Estado de desviar o foco político dos debates. “Se fala em eleição, em pesquisas internas, e isso é um desserviço. O nosso grupo partidário nem candidato tem ainda para as eleições e esse debate vai acontecer nas convenções partidárias”, salientou.

Osmar Baquit também defendeu os investimentos do Governo do Estado em segurança pública. “Nenhum governador do Brasil investiu mais em segurança pública do que o Camilo Santana. O Ceará é o estado que mais fez concursos, proporcionalmente, na área da segurança, que mais fez promoções, que comprou armas modernas, as mesmas usadas pelo exército americano, que comprou motos, que custam quase R$ 84 mil (cada uma) para o Batalhão do Raio”, lembrou.