Heitor Férrer está deixando o Solidariedade em busca de sobrevivência eleitoral. Foto: Ascom/ALECE.

A partir da próxima quinta-feira (3), pelo Calendário Eleitoral, abre-se a Janela Partidária, um período de 30 dias, até o 1º de abril, quando, só os deputados podem trocar de partido sem desrespeitarem a Lei da Fidelidade Partidária. Os vereadores só têm o mesmo privilégio em eleições municipais, e os senadores, governadores e presidente da República podem mudar de legenda, sem qualquer obstáculo, quando bem entenderem. Nestes dias que antecedem o período tão esperado por muitos políticos, são redobradas as expectativas de alguns, principalmente agora quando o quadro político nacional ainda está bem indefinido.

Por conta dessa indefinição, também no Estado do Ceará, notadamente em relação às alianças a serem firmadas para a disputa do cargo de governador, alguns parlamentares poderão decidir seus caminhos apenas nos últimos momentos da tal Janela Partidária. O deputado estadual cearense, Heitor Férrer (Solidariedade), conhecido por sua oposição a todos os governos estaduais, pode ser um deles. O atual partido de Heitor é da base governista, mas deixa-o livre para seguir caminho diverso. Heitor, no entanto, onde está não terá chance de reeleger-se, pois o Solidariedade no Ceará está ameaçado de sequer ter nomes competitivos para vagas na Assembleia, e na Câmara dos Deputados. O presidente do partido, deputado federal Genecias Noronha, e sua mulher, a deputada estadual Aderlânia Noronha, hoje, não poderiam ser candidatos à reeleição. Eles tiveram os mandatos cassados pelo TRE do Ceará, e aguardam decisão de recurso no TSE.

Heitor já havia admitido a possibilidade de filiar-se ao PSDB, mas a aproximação deste ao grupo governista, frustrou as suas pretensões. Animou-se com o MDB, apostando no discurso do ex-senador Eunício Oliveira de oposição ao PDT, a parte mais forte do grupo governista, porém, agora, admite não ser verdadeiro o discurso de Oliveira, pois vislumbra-se a possibilidade de o MDB formar na aliança do PDT com PT e outros, tendo o seu filho Rodrigo (Rodrigo Antônio Paes de Andrade Lopes de Oliveira) formando na chapa de senador do governador Camilo Santana, como o primeiro suplente, com o beneplácito do ex-presidente Lula, o candidato de Eunício à Presidência da República, embora o seu partido tenha a senadora Simone Tebet como pré-candidata. Porém, essa hipótese de Rodrigo ser suplente de Camilo, só acontecerá se o MDB estiver na coligação dos governistas liderada pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, esse um inimigo público do ex-senador Eunício.

A relação pessoal de Eunício com o governador Camilo Santana, assumida pouco antes da eleição de 2018 (Eunício foi derrotado por Camilo na disputa pelo Governo do Estado em 2014), solidificou-se na última campanha estadual, quando Eunício foi o candidato a senador apoiado pelo governador. A derrota do ex-senador para Eduardo Girão, foi atribuída, por ele, a pessoas do PDT, pelas quais ele nutre grande aversão. Camilo manteve o MDB no Governo do Estado, com Eunício indicando até secretário e vários outros cargos. Por isso, ocorrendo essa situação em que o filho Rodrigo faça parte na chapa majoritária, como suplente de Camilo, não há razões para surpresas. É comum, político, inclusive no MDB, esquecer ou ignorar todo e qualquer discurso quando pode ter benefícios com acordos futuros.

Descartado o MDB, Heitor aposta agora no União Brasil, o partido nascido da fusão do PSL com o DEM, cuja direção estadual ele acredita que esteja com a oposição, liderada pelo deputado federal Capitão Wagner. Oficialmente, ainda não está, mas há promessa do atual presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar, de que ficará com Wagner. E a dúvida de Heitor, como a de vários outros parlamentares perdurará por mais tempo. A destes, não por conta da mesma razão da do deputado estadual, mas pela indefinição do quadro até por mais um certo tempo, bem além do dia 2 de abril, a data limite para todo e qualquer candidato nas eleições deste ano, estar filiado a uma agremiação. A filiação também é motivo de preocupação para os ameaçados de não se reelegerem. Eles buscam legendas onde possam ter mais oportunidades de elegerem-se com a ajuda dos demais componentes das chapas, e isso só pode ocorrer após o processo de filiação até o dia 2 de abril, quando não haverá mais qualquer possibilidade de alterações no quadro de candidatos por legendas.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre a janela partidária: