Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Foto: Agência Senado.

A unidade brasileira da consultoria Alvarez & Marsal conseguiu autorização para criar a primeira companhia de propósito específico de aquisição (Spac) do país em dezembro do ano passado.

Spac, do inglês special purpose acquisition company, é uma companhia que não tem pretensão de comercializar um produto ou desempenhar uma atividade diretamente.

A modalidade é conhecida, de modo informal, como “IPO do cheque em branco“. Um empreendimento obtém autorização da CVM – Comissão de Valores Mobiliários do Governo Federal para levantar dinheiro por meio de uma oferta pública inicial de ações (IPO) na Bolsa de Valores, para então adquirir um negócio e transformá-lo em uma companhia de capital aberto.

A ideia é se valer da expertise de um sponsor (gestor ou idealizador do empreendimento), fazer o IPO e comprar uma empresa operacional já existente — conhecida como target — para combinar as operações.

O investidor, quando participa do IPO, não sabe qual empresa será adquirida, mas ele entra no negócio porque acredita que o gestor vai encontrar uma boa oportunidade, com potencial de crescimento.

Alvarez & Marsal e o Brasil
A Alvarez & Marsal é administradora judicial da Odebrecht e faz assessoria financeira na recuperação da Sete Brasil, além de ter sido contratada pela Queiroz Galvão para reestruturação do grupo. Todas essas empresas estão em situação econômica delicada desde que foram devassadas pela “Operação Lava Jato”.

Em novembro de 2020, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, foi contratado como sócio-diretor da consultoria norte-americana para atuar na área de Disputas e Investigações. A pedido do Ministério Público junto ao TCU, no início de 2021, o Tribunal de Contas da União passou a investigar suposto conflito de interesses na atuação de Moro na consultoria.

Recentemente, no bojo dessa investigação, a empresa informou ao TCU que 75% de todos os honorários que recebe no Brasil são provenientes de empresas investigadas pela “lava jato”. Nos últimos anos a consultoria recebeu quase R$ 42,5 milhões de empresas pilhadas pela atuação de Sergio Moro e do Ministério Público Federal: R$ 1 milhão por mês da Odebrecht e da Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial); R$ 150 mil da Galvão Engenharia; R$ 115 mil do Estaleiro Enseada (que tem como sócias Odebrecht, OAS e UTC); e R$ 97 mil da OAS.

No entanto, a Alvarez & Marsal não quer informar ao TCU quanto pagou a Moro no período em que ele trabalhou lá. A consultoria teria dito que não considera o TCU o órgão competente para investigar uma relação privada. Publicamente, a empresa garante que Moro nunca trabalhou diretamente para nenhuma das empresas que ajudou a afundar.

Fonte: site ConJur.