Postagem de Jair Renan Bolsonaro em uma de suas redes sociais. Foto: Reprodução.

Senadores iniciaram os trabalhos na CPI da Covid, desta terça-feira (21), criticando Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Os parlamentares acusaram o quarto filho de Bolsonaro, de 22 anos, de ter ameaçado, ainda que de forma velada, a Comissão. Num vídeo publicado em suas redes sociais, em que ele aparece numa loja de armas de um amigo, a legenda  é ” Aloooo CPI kkkkk”.

Depois de ouvir as manifestações dos colegas, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD/AM), informou que conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), que disse estar “100% solidário com o trabalho da comissão”.

Segundo Aziz, o presidente da Casa classificou de inaceitável esse tipo de comportamento, seja de quem for, e que tomaria providências.

“É uma ameaça velada, sim. A própria CPI poderia tomar suas providências, mas preferi levar o caso ao presidente porque a CPI não é nossa, é do Senado. Quem está investigando os problemas relacionados à pandemia é o Senado Federal. Nós estamos aqui apenas indicados pelos nossos partidos. A CPI Não é uma coisa à parte. O presidente me disse claramente hoje de manhã que é inaceitável e que tomará providências”, declarou o parlamentar.

O assunto foi levado à reunião pelo senador Rogério Carvalho (PT/SE), que pediu ao comando da comissão que tomasse providências “diante de uma clara tentativa de intimidação”.

“Por ser filho do presidente, ele teria que dar o exemplo de respeito às instituições, de respeito à democracia e ao Estado democrático de direito, e não fazer ameaças veladas, apresentando armas em loja de amigo dele, seja lá de quem for, mostrando que é na bala que ele vai se livrar daquilo que tem a responder perante a Justiça”,  avaliou Rogério.

Para a senadora Simone Tebet (MDB/MS) a ameaça a uma instituição democrática ou a algum parlamentar, ainda que pelas redes sociais, é muito grave, principalmente vinda do filho do presidente da República. Ela lembrou que quando um parlamentar se sente ameaçado, ameaçado está também o Senado Federal.

“Não e trivial o que aconteceu, não podemos considerar isso como algo normal. E não é só por se tratar do filho do presidente, mas porque é algo recorrente e pelo reflexo que isso tem na juventude do Brasil”,  afirmou.

Já o relator da Comissão, Renan Calheiros (MDB/AL), disse tratar-se de mais um filho de Jair Bolsonaro que não recebeu educação. O relator considerou o fato estapafúrdio.

“Essa ameaça é uma coisa estapafúrdia contra uma instituição parlamentar que, com todas as dificuldades que o Brasil vê, está fazendo a sua parte, cumprindo o seu papel. Isso é uma coisa absurda, absurda sob qualquer aspecto! E essas ameaças de um fedelho como esse não vão intimidar, de forma nenhuma, essa Comissão Parlamentar de Inquérito”, avisou o senador emedebista.

Aliado

Ao comentar o comportamento de Jair Renan, o senador Marcos Rogério (DEM/RO), membro da base aliada do presidente Bolsonaro na Comissão, disse que a atitude dele foi inapropriada, mas não o suficiente para que seja necessária sua convocação pela CPI.

O parlamentar rondoniense disse ainda não ter visto crime de ameaça, mas informou não se opor ao envio de uma representação para apuração do fato pelo foro competente.

“Não posso concordar com qualquer tipo de ameaça contra quem quer que seja. Aliás, já fui inclusive crítico aqui, quando depoentes foram ameaçados no âmbito da própria CPI. Da mesma maneira que condeno o que acontece aqui dentro, também não posso concordar com quem esteja fora daqui e queira se postar como alguém que tenha, dentro da liberdade de expressão, poderes para fazer qualquer tipo de ameaça, ainda que velada”, opinou.

Com informações da Agência Senado.