Ex-presidente Lula em São Luís do Maranhão. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula.

O ex-presidente Lula passa este fim de semana no Ceará. Ele chega nesta sexta-feira (20) e na segunda-feira (23) continuará sua excursão pelos Estados do Nordeste. Lula chegou a Pernambuco no último domingo e depois esteve no Piauí e no Maranhão, antes de desembarcar em Fortaleza. Daqui ele segue para o Rio Grande do Norte e encerra, na Bahia, o giro pela Região nordestina. Não estará equivocado quem afirmar, como diz a música do Benito de Paula, após todos os contatos do ex-presidente Lula com seus correligionários petistas e outros prováveis aliados, que na política cearense “Tudo está no seu lugar”. Sua passagem por aqui será apenas mais um momento de animação do ambiente.

Evidente que há razão, no projeto nacional petista, suas visitas a esses estados. E também é inequívoca ser a prioridade a rápida permanência em Pernambuco, o pouso primeiro da caravana Lula, da qual participa um cearense, o deputado federal José Guimarães. Como aqui já afirmamos, Lula cumpriu em Recife, Capital do Estado, a parte mais importante de sua prospecção, acompanhada, com significativa atenção pelas lideranças pedetistas, incluindo o próprio presidenciável Ciro Gomes, posto ser o PSB um dos partidos de maior relevância para a consolidação da base partidária do cearense na disputa presidencial de 2022.

Lula precisa muito menos do PSB que o Ciro. Mas, como em 2018, o interesse do petista é basicamente impossibilitar ou dificultar, ao máximo, uma aliança daquele partido com o PDT. O PSB, fechado com Ciro, facilita sobremodo a abertura da pretendida terceira via para minimizar os efeitos da polarização, hoje existente, entre as postulações de Bolsonaro pela direita, e Lula representando a esquerda. A família Campos, em Pernambuco, embora não seja diretamente a gerenciadora nacional do partido é, indiscutivelmente, a parte mais influente da agremiação.

Lula saiu de Pernambuco animado com a adesão do PSB, ainda não oficializada. As sequelas da disputa municipal do ano passado, que deixaram muito sentida a família Campos, do prefeito João Campos, de Recife, parecem ser coisas do passado.

O ex-presidente transita sem atropelos nos diversos outros estados programados para visitar no Nordeste, inclusive no Ceará, berço político do presidenciável que mais o ataca atualmente, Ciro Gomes, onde o governador do PT é mais próximo do PDT do que da sua própria agremiação. Convencido de ir para o segundo turno da eleição presidencial, Lula não quer briga com Ciro, embora trabalhe, incessantemente, para ele não conquistar apoios partidários que o viabilizem na terceira via e seja um valente oponente à polarização, hoje só interessante à pretensão de Lula e de Bolsonaro. Aliás, em uma de suas manifestações nesta passagem pelo Nordeste, Lula afirmou que se não for para o segundo turno apoiará o adversário de Bolsonaro, numa referência direta a Ciro, que no pleito passado não apoiou Haddad no segundo turno.

A habilidade política de Lula não permitirá que ele tente demover o governador Camilo Santana a romper com os irmãos Ciro e Cid Gomes, este, o principal responsável pela indicação e eleição de Camilo para o Governo do Ceará. O ex-presidente sabe que Camilo não o atenderia. Ademais, repetindo, o PT cearense não tem musculatura para disputar, competitivamente, os cargos majoritários de governador e senador da República.

Como está, o partido pode até dizer, ao fim das eleições do próximo ano, que elegeu Camilo senador. E, para Lula, eleito presidente da República, é mais importante ter um senador em Brasília que um governador no Ceará. Diferentemente das doidivanas petistas cearenses, sabe muito bem o ex-presidente que é melhor ter o senador que nada, ainda mais sem a necessidade de fazer qualquer esforço, e sem provocar mais ainda Ciro Gomes, o seu mais virulento concorrente.

E, se como está o PT deixa cômoda a sua situação de Lula no Ceará, os contatos com outros políticos, inclusive com o MDB do ex-senador Eunício Oliveira, que nada lhe acrescentará eleitoralmente, não passarão de convescote ou patuscada.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre a visita de Lula ao Ceará: