Vereador Gabriel Aguiar disse que presidente Bolsonaro pode ser chamado de incompetente, prevaricador e genocida. Menos de honesto. Foto: CMFor.

Além dos já rotineiros discursos de prestação de contas no último dia de atividade antes do recesso parlamentar, vereadores de Fortaleza trataram, na sessão ordinária desta quarta-feira (30), sobre as suspeitas de irregularidades na compra de vacinas pelo Governo Federal, o que vem sendo denunciado desde a semana passada.  Parlamentares lamentaram que tais indícios de corrupção tenham ocorrido no momento em que milhares de brasileiros morreram em decorrência da Covid-19. Bolsonaristas, por outro lado, defenderam a gestão do presidente Bolsonaro.

Líder do Governo na Câmara Municipal, o vereador Gardel Rolim afirmou estar revoltado com o que os noticiários têm mostrado a respeito de alguns membros do Governo Federal que buscavam obter vantagens na aquisição de imunizantes. Segundo disse, o que mais incomoda na situação é o fato de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, sabia do assunto e de uma possível participação do líder do Governo na Câmara Federal, o deputado Ricardo Barros. “Havia um processo de corrupção sendo gestado pelo líder do Governo e o presidente sabia. É algo estarrecedor“.

Léo Couto (PSB) disse estranhar a celeridade que membros do Ministério da Saúde deram para a reunião com empresa em busca de insumos da AstraZeneca com possibilidade de repasses de propina. Ele também se disse decepcionado com a participação do empresário Carlos Wizard na CPI da Covid, que preferiu ficar calado durante a inquirição. “Por que todas as pessoas ligadas ao presidente Bolsonaro, que não têm nada a temer, que sempre falam a verdade, sempre entram na Justiça para ficarem caladas? E aí temos várias polêmicas de compra e não compra, e agora uma situação de propina”.

Para Guilherme Sampaio (PT), enquanto a sociedade brasileira acreditava que a CPI do Senado estaria investigando negligência, reflexo de negacionismo do Governo, agora se investiga a pressão para aquisição de determinadas vacinas. Segundo ele, é “um grande desaforo” a Câmara Federal continuar “fazendo ouvido de mercador” no que tange a abertura do processo de impeachment contra Bolsonaro.

Gabriel Aguiar (PSOL) afirmou que o Governo de Bolsonaro está sendo investigado por propina na aquisição de vacinas,  o que seria de conhecimento do presidente. “Não vai dar em pizza. É uma investigação séria de um esquemão bilionário na pandemia. A gente pode chamar o Bolsonaro de incompetente, prevaricador, genocida. A gente só não pode chamar ele de honesto”, apontou.

Vereadores bolsonaristas, por outro lado, partiram em defesa da gestão de Bolsonaro. Julierme Sena (PROS), por exemplo, fez ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lembrando casos de corrupção em sua gestão. Ele foi corroborado por Sargento Reginauro (PROS), que destacou o fato de o líder petista  estar em liberdade, mas passível de responder pelos mesmos processos a que foi condenado num passado recente.

Segundo ele, a CPI da Covid “é um circo que não tem o objetivo de combater a corrupção. Apenas querer tirar o presidente Bolsonado da presidência”. De acordo com o vereador Carmelo Neto (Repu), a AstraZeneca não fechou qualquer contrato com “atravessador” e não houve dinheiro público negociado. Ele destacou, ainda, que o diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, foi exonerado do cargo após denúncia de que teria pressionado representante da empresa Davati Medical Supply a pagar propina na compra da vacina.