”Se não estiver satisfeito com meu trabalho, o presidente me exonera. Ele me deu autonomia, mas não significa uma carta branca para fazer tudo que quero. O regime é presidencialista”, afirmou Marcelo Queiroga, questionado sobre a autonomia no ministério. Foto: Reprodução/ Senado Federal

Nesta terça-feira (8), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga presta seu segundo depoimento na CPI da Pandemia. Sua ida à comissão foi antecipada após o Brasil anunciar que iria sediar a Copa América, a ser realizada entre junho e julho.

No início do debate, o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou vídeos em que o presidente da República, Jair Bolsonaro, aparece em aglomerações, carreatas e passeios de motocicletas, por diversas cidades pelo Brasil.

Questionando o posicionamento do ministro da Saúde, em relação as atitudes do presidente, Marcelo Queiroga disse que o que ele recomenda é distanciamento social para todos, mas não lhe cabe julgar comportamentos de Jair Bolsonaro. ”Sou ministro da Saúde e não censor do presidente da República“, frisou.

Abordado pelo tema principal da discussão, a Copa América no Brasil, Queiroga afirmou que a decisão de sediar a disputa não compete ao Ministério da Saúde. Segundo ele, a pasta apenas avaliou os protocolos da CBF e Conmebol, tendo constatado que são seguros para a ocorrência dos jogos.

Sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF)  pelo Governo Federal contra as medidas restritivas dos governadores, o ministro confirmou que: “É uma discussão jurídica que não compete ao ministro. Não fui ouvido sobre esse tema.”

Outra ponto de grande repercussão a ser discutido hoje (8), é a não nomeação da médica Luana Araújo para a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19, do Ministério da Saúde. O convite feito à médica pelo próprio ministro, foi indeferido por ele mesmo, após avaliar resistências a temas que ela defendia e que não compatibilizava com os ideias dele para o andamento da pasta durante o enfrentamento da pandemia.

Divergindo de algumas falas proferidas pela médica infectologista, no depoimento prestado na última quarta-feira (2) à CPI, que afirmou ter sido comunicada pelo ministro da saúde, que sua nomeação não ”ia passar” pela Casa Civil, Queiroga confirmou que ele mesmo decidiu não incorporá-la na pasta, pois seu perfil não condizia para o cargo. Sobre exonerações, Queiroga reconhece que não tem ”carta branca”. ”Se não estiver satisfeito com meu trabalho, o presidente me exonera. Ele me deu autonomia, mas não significa uma carta branca para fazer tudo que quero. O regime é presidencialista”.

Com informações do Senado Federal