Renato Roseno, além de correligionário, era amigo pessoal da vereadores carioca. Foto: ALECE.

A Assembleia Legislativa do Ceará aprovou o projeto de Lei 88/2021, que cria o “Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política contra Mulheres”.

4 de março, data do assassinato da vereadora carioca, agora integra o calendário oficial do Estado do Ceará como marco no combate à violência política, que traz visibilidade a diferentes tipos de agressões sofridas diariamente pelas mulheres.

De autoria do deputado Renato Roseno (PSOL) e coautoria da deputada Augusta Brito (PCdoB) e dos deputados Romeu Aldigueri (PDT), Salmito (PDT) e Elmano Freitas (PT), o PL tem o objetivo de realizar divulgações, seminários e palestras nas escolas, universidades, praças, teatros e equipamentos públicos sobre Marielle Franco e a importância do enfrentamento à violência política nas cidades cearenses.

Segundo o parlamentar, o objetivo do projeto é denunciar os variados tipos de agressões sofridas pelas mulheres no exercício da política, conscientizando a população da importância em coibir esses atos.

“As mulheres da nossa sociedade, historicamente, são alvo de violência e só recentemente adquiriram, através de muita luta, seus direitos políticos, sendo a ocupação desse espaço ainda um desafio”, justifica Renato. “A morte de Marielle não só demonstra a violência política à qual as mulheres estão sujeitas como exemplifica que esta ainda possui nuances relacionadas à classe, gênero, raça e sexualidade”.

O deputado ressalta que esse tipo de violência é ainda maior quando se trata de mulheres vindas dos setores mais explorados e oprimidos da sociedade: mulheres periféricas, negras, LGBTQA+, mães solteiras etc. “Em 2020, essa luta por representatividade e visibilidade possibilitou a eleição de novas vozes, a exemplo da mandato coletiva Nossa Cara, do PSOL, que conquistou um mandato na Câmara Municipal de Fortaleza”, destaca.

Mulheres continuam a ser os principais alvos da violência no âmbito doméstico e também nos espaços de poder, especialmente quando ocupam cargos públicos na cena política. Esse formato de violência, advém de um cenário de desigualdade de gênero e da dominação masculina, que tem o intuito de oprimir e excluir mulheres das disputas e espaços de decisão.

Amizade e emoção

Após a aprovação do projeto, Renato Roseno subiu à tribuna da Assembleia para comentar a votação. Emocionado, o parlamentar falou um pouco da relação com a ex-vereadora carioca.

“A Marielle era minha amiga, além de colega de partido. A dor da perda da Marielle me dói pessoalmente até hoje. Qualquer pessoa que a conhecesse sabia da força imensa daquela mulher. Filha da Maré, conseguiu vencer uma série de adversidades e preconceitos”, afirmou.

“Tentaram silenciar Marielle, mas Marielle virou semente, por isso estamos aqui, dando seguimento à agenda Marielle Franco. Marielle, presente!”, concluiu o deputado.