Vereadora Ana Paula Brandão se dirigiu ao prefeito e ao líder do Governo, Gardel Rolim. Foto: Reprodução/CMFor.

Nenhum posicionamento chamou tanta atenção, durante apreciação de emenda que modificou a Lei Orgânica do Município de Fortaleza, quanto aquele apresentado pela 2ª vice-presidente da Câmara Municipal, a vereadora Ana Paula Brandão (PDT).

Além de criticar o envio das mensagens sem um debate prévio entre Poder Executivo e servidores públicos, a pedetista comparou os primeiros dias da gestão do prefeito Sarto ao mandato do ex-prefeito Roberto Cláudio, a quem ela denominou como “grande líder político”.

Em seu discurso contrário aos projetos, Ana Paula ainda fez críticas ao líder do Governo na Câmara, o também pedetista Gardel Rolim. A parlamentar chegou a dizer que “odeia” ser taxada como vereadora de base ou de oposição e destacou a independência que a Casa Legislativa deveria ter em relação aos outros poderes constituídos.

As falas incisivas de Ana Paula repercutiram entre aliados do Governo, principalmente porque foram tão contundentes quanto aquelas apresentadas por parlamentares de oposição. A vereadora é ligada aos trabalhadores da Saúde e presidiu o Conselho Regional de Enfermagem do Ceará, o Coren.

No dia 7 de janeiro, a frente sindical protocolizou uma pauta junto a Prefeitura para que os segmentos representativos dos servidores públicos pudessem ser ouvidos pelo Poder Municipal. Eu utilizei a tribuna para solicitar ao Governo que antes de enviar a matéria referente à previdência, instalasse a mesa de negociação central e fomos surpreendidos por esse projeto. Nada foi discutido com quem de direito e tem interesse na discussão”, apontou a parlamentar.

Ana Paula Brandão foi a única parlamentar membro de um partido da base aliada a votar contrária ao texto aprovado pela Câmara Municipal na última quarta-feira (10). Aliás, é de autoria da pedetista uma questão de ordem criticando a condução dos trabalhos na Comissão Especial  – composta pelos vereadores Gardel Rolim (PDT), Professor Enilson (Cidadania), Bruno Mesquita (PROS), Estrela Barros (Rede), Léo Couto (PSB), Luciano Girão (Progressistas), Renan Colares (PDT) e Tia Francisca (PL) – que foi criada para debater a proposta votada. “A questão de ordem que eu fiz foi referente à emenda, que chegando na comissão, novamente o líder do Governo atropela o regimento. Não concordo com esse atropelamento de fluxos”, reclamou.

Ana Paula também se posicionou contra uma provável interferência que teria ocorrido no debate e apontou a liderança do Governo como responsável por tentar interferir em seu mandato. “No meu mandato ninguém interfere. Eu tenho um lado e meu lado é o dos trabalhadores e trabalhadoras. Eu odeio ser taxada de base ou oposição. Quero ser taxada como vereadora que sobe à tribuna e defende os interesses do povo, dos trabalhadores, sobretudo os da saúde que estão morrendo”, disse.

“Gostaria que, a partir de hoje, os vereadores tivessem mais cuidado ao me taxar de base ou oposição ou comparar meu mandato com o de qualquer outro vereador que seja. Quero dizer à gestão do prefeito Sarto que eu não tenho problema nenhum em subir aqui e defender o povo de Fortaleza, e irei fazê-lo. Se isso me custar até as amizades, (mesmo) assim eu irei fazer” – (Ana Paula Brandão)

Os principais alvos das críticas da vereadora, foram o prefeito Sarto, por não ter dialogado com os servidores, e o líder do Governo, Gardel Rolim. “Quero dizer para o líder do Governo que, antes de taxar a vereadora Ana Paula, venha conversar comigo. Antes de desrespeitar o meu mandato, venha conversar comigo. Não vou admitir interferência de nenhum dos vereadores no meu mandato”, disse.

Respeito

A parlamentar, porém, teceu elogios ao ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, com quem ela disse ter aprendido muito. “Eu aprendi muito com um grande líder, que para mim ele é um mentor, chamado Roberto Cláudio. Quando os movimentos se organizavam, ele mesmo atendida para saber a demanda daquela classe, daquele povo. Instituiu, em 2013, uma mesa de negociações permanente entre os servidores e o Executivo”, apontou.

De acordo com ela, o prefeito Sarto, quando encaminhou as mensagens do Governo para a Câmara, sem um diálogo prévio com as categorias, desrespeitou o funcionalismo público. “Eu subo a esta tribuna para registrar a falta de respeito como a gestão do prefeito Sarto está mandando para cá essas mensagens. Quero pedir respeito aos meus pares com a minha posição, com meus princípios. Porque esta é uma Casa independente, os poderes são independentes. Pelo menos são para ser”.