Foto: Roque de Sá/Agência Senado.

A definição do voto do deputado federal na eleição da Mesa Diretora da Câmara, é igual ao do eleitor comum nas diversas eleições das quais participe. Ela está condicionada aos interesses menores de cada um ligado ao Governo Federal, às benesses do Poder, e, consequentemente, bem distante das questões relacionadas à autonomia da Instituição, dos compromissos e obrigações do Poder Legislativo, do respeito à representação popular.

A eleição da Mesa Diretora da Câmara, assim, com honrosas exceções, não difere das disputas nas diversas outras Casas legislativas estaduais e municipais, assim como as da sua congênere no Congresso, a do Senado da República. As visitas feitas ao Ceará, na última semana, pelos dois principais candidatos à Presidência da Câmara, Baleia Rossi (MDB/SP) e Arthur Lira (PP/AL), em nada alterou o quadro de apoiadores de ambos no Estado.

O Legislativo brasileiro apequena-se a partir da eleição dos seus dirigentes. O legislador, ao buscar o apoio do chefe do Executivo, qualquer das esferas de Poder, mostra-se incapaz de ser um verdadeiro representante popular, posto ser despreparado para cuidar da administração do seu próprio local de trabalho. Todos os entendimentos políticos respeitosos e lícitos, são permitidos no âmbito interno da Instituição, e nos partidos. Fora disso é demonstração de subserviência, e de incompetência para o mister.

A disputa pelo comando da Câmara Federal não é para acontecer num clima de a favor ou contra o presidente da República, como agora ocorre. Ela precisa desenvolver-se em cima de propostas de valorização da Casa. No respeito à Constituição, ao seu próprio Regimento Interno, legislar bem e dar a sua devida contribuição para a harmonia entre os poderes. O presidente da Câmara, antes de tudo precisa ter o verdadeiro espírito público, e coragem para assumir o ônus das obrigações legais.

Os deputados federais cearenses bem que poderiam dar uma boa contribuição para que a Câmara dos Deputados tenha um melhor comando. E neste apelo vem a lembrança de um Flávio Portela Marcílio, o piauiense acolhido pelo Ceará, e por aqui três vezes presidente da Câmara, em pleno período da Revolução de 1964, sendo que em duas eleições confrontou a própria Revolução, mostrando liderança e o respeito dos colegas.