Arte: site Migalhas.

Termina nesta quinta-feira (12), por determinação legal, a parte visível da campanha eleitoral deste ano. No domingo (15), serão eleitos todos os vereadores dos 5.568 municípios brasileiros, e, nas cidades com mais de 200 mil eleitores, serão escolhidos os dois candidatos às respectivas prefeituras, no caso de nenhum dos postulantes haver conseguido a maioria absoluta dos votos do eleitorado local, como será, tudo indica, no caso de Fortaleza. Começam, então, a partir de agora, as 72 horas cruciais para a grande maioria dos candidatos, em especial os postulantes aos cargos majoritários.

Com menos intensidade, por razões diversas, ainda se pratica hábitos de disputas eleitorais antigas, como os do aliciamento e da compra de votos, geradores do desequilíbrio da disputa até no dia da votação, sendo mais explícitos às caladas das duas noites antecedentes ao dia da votação. O pessoal do Ministério Público e da Polícia Federal sabe muito bem dessas práticas criminosas, e, com esquema especial, sempre está registrando alguns flagrantes. A atipicidade do pleito deste ano, sem as coligações proporcionais, pode ensejar um maior número de delitos dado o pânico que tomou conta de uma boa parte dos candidatos aos cargos legislativos e, também, dos três postulantes com maiores chances de ser prefeito da Capital.

Todos os candidatos saem prejudicados da campanha eleitoral deste ano. A pandemia, que motivou até o adiamento das datas de votação no primeiro e segundo turnos da disputa, impediu, na plenitude necessária, o tão importante contato com os eleitores. E como se isso não bastasse, pelas restrições naturais impostas pessoalmente, por candidato e eleitor (temendo ser infectado), ainda apareceu uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral cearense, recentemente, proibindo toda e qualquer aglomeração, como medida de controle para inibir a propagação desse vírus que aterroriza a população.

Como se tudo isso fosse pouco, ainda há a perspectiva de uma elevada abstenção. Não houve campanha suficiente para motivar o eleitor. Se no último pleito, sem a pandemia que hoje impõe a um certo grupo de pessoas ficar em casa, tendo como estímulo eleger 46 deputados estaduais, 22 federais, dois senadores, um governador e seu vice, assim como o presidente da República e um vice, mais de 310 mil eleitores deixaram de votar em Fortaleza, o que esperar desta eleição quando serão eleitos apenas os vereadores e o prefeito? O contingente de votantes aumentou, da eleição passada para esta em 45.156 eleitores, que, por certo não deixarão de comparecer às urnas, mas não representarão muito dentro do universo das ausências previstas.

A disputa eleitoral deste ano, pela atipicidade dela, é um bom laboratório para toda a classe política e os estudiosos da ciência política. As lições produzidas por fatores externos à campanha e à revelia dos atores políticos, são deveras importantes para a discussão de uma reforma política há anos reclamada. A eleição é para ser o principal evento da cidadania. O eleitor não pode continuar escolhendo o seu representante no Legislativo e no Executivo, apenas por ter a obrigação de ir votar. Ele precisa participar das campanhas, conhecer bem os candidatos e sentir prazer de cumprir a obrigação cívica. A reforma política é preciso ser feita urgentemente.

Sobre o encerramento da propaganda eleitoral e as últimas horas que antecedem o pleito municipal, veja o comentário do jornalista Edison Silva: