Vereadores do PDT/Fortaleza reunidos na Câmara Municipal. Foto: CMFor.

Maior partido da Câmara Municipal de Fortaleza, ocupando quase 40% de todos os assentos do Legislativo da Capital cearense, o PDT é conhecido, por desafetos dos governistas, como “partido suicida”, uma vez que terá em seus quadros eventuais candidatos com forte potencial de voto, o que pode inviabilizar a reeleição de alguns parlamentares da própria sigla. Após cálculos e mais cálculos feitos por pedetistas, alguns vereadores que se filiaram à sigla neste ano demonstram preocupação em não retornar para a Casa a partir do próximo ano.

O cálculo é simples. Os vereadores avaliam a quantidade votos que tiveram no pleito de 2016 e fazem uma relação com o potencial de sufrágios que podem conquistar em virtude dos quase quatro anos de atividade legislativa. Eles também analisam o ingresso de quadros fortes do PDT na disputa eleitoral, que estão com maior capilaridade e devem assumir vagas na Casa.

Outros fatores também são levados em consideração, como as sobras de votos e a mudança na legislação eleitoral, que neste ano não permite mais coligação proporcional, ou seja, aquela aglutinação de siglas para atingir o quociente necessário com o objetivo de eleger ao menos um candidato. De acordo com vereadores ouvidos pelo Blog do Edison Silva, a situação não está fácil para alguns postulantes à reeleição.

Desde o ano passado, a direção do PDT em Fortaleza buscava atrair para seus quadros parlamentares eleitos com, no mínimo, 8 mil votos. No entanto, com a negativa de alguns nomes, aos poucos, vereadores com pouco mais de 5 mil votos foram aceitos. E são esses os mais preocupados com o resultado do pleito.

Alguns nomes oriundos da Prefeitura de Fortaleza preocupam esses pedetistas, visto que a eleição deles é dada como certa. Nos bastidores da Casa, fala-se que o ex-coordenador político do Governo, Lúcio Bruno, terá uma cadeira na Câmara, assim como Mosiah Torgan, filho do vice-prefeito da cidade, Moroni Torgan, e Júlio Brizzi, que trabalhou na coordenação da Juventude.

Para se ter uma ideia do potencial desses nomes, Mosiah Torgan foi candidato a deputado federal em 2018, obtendo pouco mais de 53 mil votos em todo o Estado, com 30.062 na Capital. Júlio Brizzi  já foi testado nas urnas em duas eleições. Em 2014, obteve 7.478, com 4.683 na Capital. Para o pleito de 2020, a situação do pedetista está mais favorável, visto sua atuação na gestão do Governo Municipal.

Outro nome do PDT apontado como forte na disputa é o da enfermeira Ana Paula Brandão, esposa do vereador Márcio Cruz (PSD). Ele abdicou da candidatura à reeleição para apoiar a companheira. Ana Paula foi candidata a deputada federal em 2018, quando obteve pouco mais de 25 mil votos em todo o Estado, sendo 17.377 somente em Fortaleza.

5 mil votos

Dos atuais pedetistas na Casa Legislativa, aqueles que estão mais apreensivos com o resultado das urnas são Raimundo Filho, Dr Porto e Gardel Rolim, todos eleitos com pouco mais de 5 mil votos filiados em siglas, à época, consideradas nanicas. Rolim foi eleito com 5.107 votos pelo extinto PPL. Já Raimundo Filho obteve apenas 5.079 sufrágios e Dr. Porto 5.566, ambos pelo PRTB.

Raimundo e Dr. Porto, ingressaram no PDT, neste ano, a pedido do presidente municipal, o prefeito Roberto Cláudio.Os demais pedetistas, todos obtiveram mais de 8 mil votos.

Beneficiado

Carlos Mesquita, que não foi eleito em 2016, apesar de ter conseguido 8.042 votos, foi efetivado no ano passado após a morte do vereador Luciram Girão. Eron Moreira também não foi eleito nas eleições municipais passadas, mesmo com os 8.080 sufrágios. Ele foi beneficiado com a eleição de Salmito Filho a deputado estadual, em 2018.

Outros pedetistas que foram eleitos com pouco mais de 8 mil votos em 2016 foram Ziêr Férrer (8.134), Mairton Félix (8.323), John Monteiro (8.322), Evaldo Costa (8.586) e Paulo Martins (8.004). Esses dois últimos ingressaram na legenda também neste ano.