Os parlamentares fizeram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas. Foto: Reprodução/Zoom.

A sessão remota realizada pela Câmara Municipal de Fortaleza, nesta terça-feira (19), revelou que muitos vereadores perderam pessoas próximas vitimadas pela pandemia de coronavírus. Durante boa parte da discussão, no período da manhã, os parlamentares lamentaram a morte de amigos, parentes, servidores municipais e lideranças comunitárias.

Foram mais de 20 pedidos de um minuto de silêncio pelas pessoas que foram vítimas da doença, dentre elas: o ex-candidato a prefeito de Fortaleza, pastor Neto Nunes; o Frei Roberto, pastor Pedro Cavalcante e o jornalista Alexandre Rangel, presidente do Comitê de Imprensa da Câmara Municipal.

O vereador  Jorge Pinheiro (PSDB) solicitou um minuto de silêncio pela morte de um sacerdote que faleceu na última segunda-feira (18), Frei Roberto. Outros parlamentares solicitaram silêncio, na sessão remota, devido a morte do pastor e ex-candidato a prefeito de Fortaleza, Neto Nunes. Casimiro Neto (MDB) também lembrou duas pessoas que faleceram recentemente, como o jornalista Alexandre Rangel.

“Pastor Nunes era um homem que trabalhava na obra do Senhor e na política. E, infelizmente, ele veio a óbito. Recebemos a notícia triste. Ele era um defensor do isolamento social, ele sempre dizia da importância do isolamento social e que a igreja poderia dar um bom exemplo. Infelizmente, ele foi acometido por esse vírus e veio a óbito. Eu fiquei muito chocado”, disse o vereador Antônio Henrique (PDT).

O presidente da Câmara lembrou que Neto Nunes chegou a ser direcionado para um leito de UTI, mas conforme informou um familiar dele, o religioso passou a vez para outras pessoas. “Isso demonstra o lado humanitário dele. Ele recebeu a atenção devida”, disse o pedetista.

Ele destacou ainda as mortes do jornalista Alexandre Rangel e do pai do líder do Governo, Ésio Feitosa (PDT), também acometidos de Covid-19. O parlamentar também lembrou o falecimento de um servidor da Secretaria Regional III, que trabalhava na Prefeitura de Fortaleza há mais de 30 anos, conhecido como “Nonatim”.

Dr. Porto (PDT) também destacou o momento diferente em que o País vive por conta da pandemia de coronavírus. “Quantas pessoas precisam morrer para entendermos que o isolamento social é importante? O Alexandre (Rangel) me passou uma mensagem, ele pediu ajuda a outras pessoas. Ontem, um amigo fraterno também morreu, depois de mais de um mês de luta contra essa doença tão cruel”, lamentou.

Bolsonaristas

A vereadora Priscila Costa (PSC) também se posicionou sobre a morte do pastor Neto Nunes, que presidiu o partido que hoje é dirigido por ela. A parlamentar, porém, reclamou que as unidades de saúde de Fortaleza não estariam realizando o atendimento adequado para as vítimas da Covid-19. “Não adianta dizer para ficar em casa se a gestão não faz a parte dela. Espero que haja um tratamento inicial com a droga barata, que é a cloroquina”, apontou.

Em resposta às críticas de Costa, o vereador Márcio Cruz (PSD) citou caso de uma pessoa que foi encaminhada por uma rede particular de saúde para se tratar em casa com cloroquina e veio a óbito. “Olha a gravidade, o risco. Só vejo bolsonaristas fazendo a defesa dessa cloroquina, sem nenhum estudo. Devemos ter mais cuidado. Todos estão errados e só o Bolsonaro está certo?”, indagou. De acordo com ele, a família da paciente que faleceu solicitou apoio jurídico para processar o plano de saúde.

“Genocida”

Evaldo Lima (PCdoB) foi mais além e chamou o presidente da República, Jair Bolsonaro, de “genocida”, assim como “alguns que seguem ele e que ajudam nesse momento de obscurantismo e barbárie. Não são apenas números, são pessoas com dignidade e história”.
Sargento Reginauro (PROS), que perdeu sua mãe recentemente, lembrou os casos de policiais, bombeiros e guardas municipais que também foram vítimas do coronavírus.