Ciro Gomes (PDT/CE) e Márcio França (PSB/SP). Foto: Montagem/Blog do Edison Silva.

Em São Paulo, nesta quinta-feira (12), Ciro Gomes é a figura central do encontro entre as principais lideranças nacionais do PDT e do PSB, ao lado de Márcio França, ex-governador daquele Estado, hoje pretenso candidato à Prefeitura da Capital paulistana. Essa relação amistosa, entre os dirigentes das duas agremiações, com vistas a um projeto nacional, já está em curso há algum tempo, apesar da frustração dos entendimentos para a última eleição presidencial, quando o PT, atravessando a conversa já avançada, conseguiu fazer o pessoal do PSB de Pernambuco, naquele momento ainda sob a forte influência e emoção da família do ex-governador Eduardo Campos, pressionar a direção nacional do partido a escantear as pretensões de Ciro.

Além do acertado em São Paulo, em outras capitais e grandes municípios brasileiros os entendimentos estão adiantados no sentido de compatibilizarem interesses locais. No Ceará, o PSB tem o apoio explícito do Governo do Estado, com o governador Camilo Santana tendo o partido à sua disposição, tanto que o senador Cid Gomes, para os acordos de formação de alianças municipais no Estado, tem o PSB como mais um partido em condições de albergar governistas em disputas em alguns dos municípios, como se uma legenda do próprio PDT fosse, sem, contudo, esquecer que a preferência nacional do PSB é ter o governador Camilo no seu comando no Ceará, daí a influência exercida atualmente no partido pelo secretário da Casa Civil do Governo, Élcio Batista.

E é de fácil explicação essa opção da direção do PSB por Camilo. Sem o comando de uma liderança da expressão do governador, a agremiação apoiando Ciro para a Presidência da República, no Ceará o partido continuaria muito pequeno, ofuscado pelo próprio PDT, e por siglas maiores já acostadas ao presidenciável no Estado. O governador, como todos os demais detentores de mandatos executivos (prefeitos, governadores, senadores e presidente da República) pode, no momento que lhe aprouver, mudar de partido sem as limitações da Lei da Fidelidade Partidária. Ele não fez, até aqui, nenhum gesto de deixar o PT, mas a perspectiva de um constrangimento imposto pela candidatura e a campanha de Luizianne Lins à Prefeitura de Fortaleza, a principal adversário de Ciro Gomes no Ceará, podem fazê-lo assumir o controle do PSB cearense.

Todos os passos dos aliados do Governo do Ceará, diferentemente da última eleição presidencial, serão no sentido de fortalecer o nome de Ciro. Camilo, sem o PT, está dentro do projeto. No início do pleito passado, Ciro chegou admitir, equivocadamente, ter o PT como seu aliado, levando em consideração Lula estar preso e o partido sofrendo grande desgaste. Hoje, Ciro tem o PT como o seu principal adversário, e o governador Camilo Santana não mudará esse quadro, nem também deixará de ter Cid Gomes, irmão de Ciro, como o seu principal aliado político, pelo menos até as eleições de 2022, a última tentativa de Ciro de chegar à Presidência da República. O PSB, portanto, até lá espera ter Camilo nas suas fileiras.