Deputado Sérgio Aguiar já foi prefeito de Camocim, antes da sua mulher Mônica, e depois de seu avô e tios. Foto: ALECE.

O deputado estadual Sérgio Aguiar (PDT), em várias manifestações no plenário da Assembleia Legislativa cearense, no ano passado, também para ressaltar o trabalho da sua mulher, prefeita do município de Camocim, Mônica Gomes Aguiar, onde o saneamento básico foi prioridade em várias administrações, advertiu para a gravidade do problema de saúde no Estado do Ceará, como de resto nos demais estados brasileiros, exatamente por conta da falta de saneamento básico.

Nesta quarta-feira (22), numa das dependências do nosso Legislativo estadual, sob a coordenação do presidente do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos do Poder Legislativo do Estado, ex-deputado federal Antonio Balhmann, aconteceu a primeira reunião da coordenação do Pacto pelo Saneamento Básico do Ceará deste ano. A iniciativa do Legislativo estadual, pela importância do tema, é deveras louvável, principalmente por se ter ciência da significação do saneamento para a melhoria da qualidade de vida das populações, assim como por motivar o debate sobre o tema.

O Ceará, tomando por base as observações do deputado Sérgio Aguiar, só em 2100, portanto daqui a 80 anos, alcançará a universalização do saneamento básico nos seus 184 municípios, apesar das iniciativas mais eficientes para a solução do problema, no âmbito nacional, inclusive com a participação do senador Tasso Jereissati (PSDB), com o projeto de criação do Marco Regulatório, agora na dependência da Câmara dos Deputados após a aprovação no Senado.

Na última segunda-feira (20), o Diário Oficial do Estado do Ceará publicou as atas das Assembleias realizadas no último dia útil do ano passado pelos acionistas da Cagece, a empresa estatal responsável pelo saneamento na maioria das cidades cearenses, registrando uma série de mudanças para adequá-la à situação do mercado, permitindo que empresas privadas possam participar da construção e exploração de novas redes de esgoto no território estadual, por reconhecer a sua incapacidade, notadamente de recursos, para investir em tão importante e reclamada obra. A extrema pobreza de milhares de lares cearenses, ainda, por certo, será o grande obstáculo da universalização dos serviços.

O município de Camocim, a principal base política do deputado Sérgio Aguiar, é uma exceção no Ceará. Pelas suas afirmações, neste ano, todas as residências da área urbana da municipalidade serão atendidas pela rede pública de saneamento. Para chegar a essa realidade, claro, os administradores do Município tiveram que recorrer a recursos federais. Nenhuma Prefeitura do Ceará tem recursos próprios para investir em saneamento, sem se falar que tal construção é totalmente invisível após a sua conclusão. E por não ser uma obra que encha os olhos dos munícipes, os governantes deixam-na sempre de lado, mesmo ficando toda a população à mercê das doenças que ela evita.