O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, na condição de presidente municipal do Partido Democrático Trabalhista (PDT), está atuando para manter a sigla com a maior bancada na Câmara de Vereadores após as eleições de outubro próximo. Em entrevista ao Blog do Edison Silva, o dirigente ressaltou que pretende manter o atual arco de aliança, que dá sustentação à sua gestão, unido para o pleito deste ano.
O chefe do Executivo disse, ainda, que a criação do Parque Rachel de Queiroz, na zona oeste da cidade, é uma das suas principais obras que deverá ser concluída pelo próximo gestor. Faltando menos de um ano para deixar o cargo, Roberto Cláudio já tem planos para o futuro: pelo menos seis meses estudando, escrevendo e se dedicando a políticas públicas e desigualdades.
BES – Na condição de presidente do PDT Fortaleza, quais serão as prioridades do partido para o pleito deste ano?
RC – Sou presidente do PDT e prefeito de Fortaleza. A tarefa agora é governar a cidade, mas não podemos deixar de lado a agenda política. Até abril a minha agenda como presidente do PDT é montar uma chapa competitiva do PDT e ajudar os partidos aliados para as eleições proporcionais. A partir de abril vamos conduzir o debate sobre o legado construído nesses últimos oito anos, a dimensão das conquistas de indicadores, reconhecimento popular e as áreas que a gente precisa construir projeto que aprimore melhor o que a gente fez para o futuro.
A gente tem que começar a discutir o projeto do PDT e dos aliados para o futuro da cidade. Montagem da chapa dos vereadores. Depois discutir o projeto de futuro inovador, ousado que garanta continuidade das conquistas e inclua políticas inovadoras e que olhe com o olho do futuro. Essa é a tarefa, e no momento certo vamos discutir os melhores nomes que representem esse projeto que queremos construir.
Não temos como especular o tamanho da aliança que estará conosco. Claro que o nosso esforço político será no sentido de manter unida a nossa aliança para o futuro. A aliança política é um meio e não um fim. A gente tem que estar unido em um projeto de visão de futuro. O projeto antecede as questões políticas mais concretas. Mas nosso desejo é manter a aliança forte em torno do projeto que garanta continuidade das conquistas e visão de futuro moderna e inovadora para os próximos anos de Fortaleza.
BES – Quantos vereadores o partido espera eleger em Fortaleza?
RC – Eu diria que o maior número possível. Difícil especular uma meta, mas a gente quer garantir que os partidos da base aliada possam fazer um número significativo de vereadores que representam esse projeto. O PDT tem das maiores bancadas da história da Câmara de Fortaleza, e nossa tarefa dentro do partido é manter essa conquista de o PDT ter a maior bancada da Câmara Municipal. Não quero especular o número de vereadores, mas, sim, a tarefa é fortalecer os aliados, montar uma chapa proporcional e manter o PDT como maior bancada municipal.
BES – Falando em aliados, como administrar uma base de apoio de 37 vereadores? Há muita demanda oriunda dos parlamentares? Como tem sido a relação para manter uma base tão ampla?
RC – Eu venho de origem parlamentar. Fui deputado, presidi a Assembleia e prezo pela política. Entendo que a mediação política da comunidade com a Prefeitura é fundamental. Temos mais de dois milhões e seiscentos mil habitantes. Fortaleza é uma cidade extensa, populosa e essa interação feita pela Câmara eu valoro demais. Quando tem um vereador brigador é impressionante como o bairro tira proveito disso. Ele quem faz a integração. Entendo isso como oportunidade dessa relação boa entre Prefeitura e Câmara. Quando isso acontece, a gente acaba chegando mais na ponta, nas áreas mais vulneráveis.
Além de ter prazer em manter essa relação política, entendo isso como necessidade e manter esse diálogo aberto. Semanalmente tenho agenda com vereadores no Paço Municipal, e, praticamente, todo dia estou em comunidade com o vereador. Isso tem ajudado a manter a base unida. Sou muito grato ao apoio recebido, ao envolvimento dos vereadores. Muitas das nossas realizações são reivindicações trazidas à gestão pelos vereadores.
Enfim, tenho a felicidade de ter essa relação harmoniosa. E sempre digo que historicamente governos que tensionaram a relação entre Executivo e Legislativo acabaram fracassando, porque a energia fica voltada para uma disputa de poder e muitas das vezes quem paga é o povo. Enfrentei quatro eleições para a presidência da Câmara Municipal. A primeira já havia acordado que seria o Walter (Cavalcante) e as outras três construímos um consenso. Isso é uma marca pouco presente aqui no Legislativo de Fortaleza.
BES – O prefeito de Aracaju, recentemente, esteve em Fortaleza, ao seu lado e de Ciro Gomes, confirmando filiação ao PDT. Outros nomes no Nordeste e Brasil devem fazer o mesmo? O que o senhor já sabe a respeito?
RC – O PDT tem crescido muito nacionalmente em filiações. A gente deve ter muitos pré-candidatos em capitas de médio e grande porte. A votação do Ciro e o encantamento que ele tem gerado na juventude, e em universos que estavam descrentes com a política, tem feito o partido crescer bastante. As próximas eleições demonstrarão pelo número de candidaturas o crescimento do partido nacionalmente. Isso se deve ao trabalho sério e de luta do Carlos Lupi, e se deve também ao novo engajamento que o Ciro gerou dentro do partido e com pessoas do partido.
A gente teve visita do prefeito de Aracaju que vai para a reeleição pelo PDT. A gente ganha mais essa Prefeitura na Capital. Na última eleição a gente elegeu prefeito em Fortaleza, São Luis e Natal. E agora teremos Aracaju também. Teremos outras novidades ao longo dos próximos meses de filiações no PDT.
BES – Qual avaliação que o senhor faz dos últimos sete anos de gestão? O que não foi feito nos últimos anos, que o senhor pretende fazer em 2020?
RC – Ao longo dos sete anos, eu diria que nossas grandes prioridades foram investimentos em Saúde, Educação e infraestrutura da cidade. Só a Saúde e Educação têm concentrado mais de 50%% dos investimentos do orçamento do Município. A grande prioridade da gestão ao longo desse tempo foi ampliar e qualificar serviços públicos, principalmente, em Educação, Saúde e ampliação dos investimentos em infraestrutura.
A gente vai terminar este ano com o maior investimento público da história de Fortaleza. Ano passado chegamos em R$ 720 milhões de investimento público, o que fez de Fortaleza uma das capitais com maior investimento per capta do País.
Outra coisa importante foi a busca por maior planejamento e reestruturação administrativa e fiscal ao longo deste tempo. A gente tinha uma situação frágil a despeito da situação econômica mais favorável. A situação econômica se deteriorou e a gente conseguiu dar mais solidez fiscal. Temos uma maior organização administrativa e capacidade de planejamento presente e futuro. Esse é um legado importante.
O trabalho nunca acaba. Uma cidade não se encerra em oito anos. Temos que continuar as coisas boas, criar conjunto de respostas novas e criar a cidade para o futuro. Além das obras realizadas, temos um conjunto de projetos licitados, boa parte com orçamento em caixa. A próxima gestão terá não somente projetos, mas orçamentos em caixa para não perder tempo. A cidade precisa de ciclos de continuidade e planejamento de ações, e nossa tarefa é preparar a cidade administrativa, fiscal e em termos de planejamento para um ciclo de futuro ainda mais próspero.
BES – Que projeto o senhor queria ter concluído e ficará para o próximo gestor?
RC – Eu queria ter concluído o Parque Rachel de Queiroz, mas ficará para o próximo gestor. Devemos iniciar agora em fevereiro e março, e entregaremos três trechos dele e boa parte do projeto ficará para o próximo gestor entregar. Todo o projeto está pronto e tem dinheiro integralmente em caixa. É uma obra importante para reurbanizar um pedaço histórico da cidade e acho que abrirá nova fronteira urbanística para Fortaleza além de ser a segunda maior área verde da cidade.
BES – O orçamento aprovado pela Câmara no ano passado permitirá o senhor fazer todas aquelas obras que estão no seu radar de prioridades?
RC – Temos orçamento em caixa satisfatório para realizar todos os projetos que começamos. Deixaremos um bom volume de recursos em caixa para investimento para o próximo mandato. O recurso que já temos em caixa é mais que suficiente para terminar todas as obras iniciadas.
BES – O senhor tem um ano todo de atividades e trabalho pela frente. Mas a partir de janeiro de 2022, quais são seus planos pessoais e políticos? Já pode adiantar alguma coisa?
RC – Tenho projeto de parar um tempo para estudar, ler, escrever e refletir assim que encerrar a gestão. Pretendo também intensificar meu convívio familiar. Eu me alimento com o convívio familiar e o corre-corre da Prefeitura acaba impedindo essa convivência. Eu preciso disso e vou tirar pelo menos seis meses para estudar, refletir, escrever e beber na fonte. Não sei onde e nem o que estudar, mas tenho interesse por políticas públicas e desigualdades. Meu projeto é aprofundar minha leitura e estudar o tema de combate das desigualdades. Eu devo fazer isso logo após a transição da minha gestão para a próxima. Fazer esse sabático.