Deputado Guilherme Landim mostrou-se preocupado com a falta de repasses do Governo Federal. Foto: Marcelo Bloc/Blog do Edison Silva.

O novo adiamento de prazo referente às obras de conclusão da Transposição de Águas do Rio São Francisco, anunciado pelo Governo Federal, levantou a preocupação dos deputados estaduais cearenses. Os parlamentares têm demonstrado apreensão com a grande redução no repasse de verbas federais, que ameaçam também obras do programa Minha Casa, Minha Vida e do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), que levará as águas do rio São Francisco até o Açude Castanhão.

Transposição

Membro da Comissão Especial de Acompanhamento das Obras da Transposição, o deputado Guilherme Landim (PDT) afirmou que, no final do primeiro semestre, a comissão ouviu no Ministério do Desenvolvimento Regional promessas ‘muito vagas, que mês a mês não vêm sendo cumpridas’. “Apelo ao Governo Federal. O Nordeste precisa dessa água e o Ceará é o estado que demanda a maior necessidade desse abastecimento. Não precisam nem me chamar para a inauguração, eu só quero ver essa água chegar para ajudar nosso povo”, declarou.

> Guilherme Landim lamenta falta de recursos repassados pela União. Ouça:

 

O deputado lembrou que o governo estadual garantiu recursos para que as obras finais do trecho emergencial do CAC não fiquem totalmente paralisadas. Landim comentou que os R$ 16 milhões que o Governo Federal liberou, após a promessa de empenhar mais de R$ 97 milhões, não resolverão o problema e as obras tendem a seguir paralisadas, ou em ritmo bem reduzido. “As empresas não conseguem ter a garantia dos recursos para voltarem às obras, sem ter garantia de receber o dinheiro”, sentenciou o pedetista.

Guilherme pleiteou, com assinaturas de 35 deputados estaduais, que parte das emendas de bancada dos deputados federais fosse destinada ao CAC, mas não foi ouvido pelos parlamentares federais. “Esperamos que eles possam agora cobrar do Governo Federal o cumprimento do compromisso e pagar esse recurso que está empenhado”, clamou ao Blog do Edison Silva.

Minha Casa, Minha Vida

Segundo Elmano Freitas (PT), Bolsonaro demonstra ‘absoluto desleixo e desprezo ao MCMV’, além de ‘descompromisso com os mais pobres’. Para ele, isso traria duas graves consequências. “Primeiro, famílias que moram em situações de risco, e que o MCMV é a esperança concreta de sair de uma situação humilhante para uma vida digna com uma moradia com dignidade. E o segundo, é o desemprego dos trabalhadores que atuam nessas obras. Nós estamos falando de aproximadamente 200 mil empregos no Brasil, no Ceará algo em torno de 8 mil empregos. Se nós pensarmos em 1 salário mínimo para cada um, dá 8 milhões por mês, são 8 milhões a menos no comércio das nossas cidades.

> Elmano critica Governo Federal por não priorizar programas como o MCMV. Ouça:

 

Guilherme Landim afirma que a dívida do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no Brasil já ultrapassa os R$ 600 milhões, sendo R$ 180 milhões no Nordeste e R$ 35 milhões somente no Estado do Ceará. Ele afirma que representantes dos Sindicatos da Construção Civil em todos os estados estão fazendo mobilização em Brasília, na tentativa de mobilizar o Congresso Nacional a pressionar o Governo Federal a liberar esses recursos. “Se houver a paralisação que eles estão ameaçando fazer a partir do mês de novembro, teremos uma demissão em massa no país”, afirmou ao Blog do Edison Silva. Segundo Landim, a estimativa é que, somente no Ceará, mais de 8 mil pessoas possam perder seus empregos.

“Nós ficamos extremamente tristes com essa forma que o Governo Federal vem tratando os programas de governos anteriores, de querer acabar com tudo e não colocar uma coisa nova, ou não continuar com aquilo que está dando certo”, afirmou o deputado.

Recursos para 2020

Em aparte, o deputado Danniel Oliveira (MDB) destacou a necessidade de uma participação mais efetiva da bancada nordestina do Congresso, pressionando para finalização da obra da Transposição. “Estamos falando de água para o povo, então, nada pode ter mais importância que isso. Conte conosco para o que for necessário”, declarou.

Em conversa com o Blog, Danniel demonstrou preocupação ainda maior com recursos que não estão garantidos a partir de 2020. “Nós sabemos que várias e várias obras do Governo Federal ainda estão paradas, principalmente aquelas que precisam de um aporte financeiro maior. Cito aqui o próprio metrô da Capital, que os recursos iniciais todos ficaram garantidos, mas há uma preocupação para o ano de 2020, que haja alguém, alinhado com o Governo Federal, para conseguir a liberação desses recursos tão importantes para a construção desta obra e de tantas outras espalhadas pelo Estado do Ceará”, concluiu.

Também aparteando Guilherme na tribuna, o deputado Fernando Hugo (PP) lembrou a luta do ex-deputado Welington Landim, já falecido, pelos recursos hídricos do Ceará. “Vimos a luta de seu pai pela transposição, dando o passo decisivo nesta Casa e que abrangeu líderes como Cid e Eunício. É entristecedor o desprezo e o descaso com uma obra de tamanha importância. E sinto falta dos nossos representantes nordestinos no Congresso brigando por algo que beneficiará a todos os estados”, criticou.