Depois de muito insistir, Dra. Silvana, conseguiu aprovar título de cidadã cearense à ministra. Foto: Divulgação.

A votação na Assembleia Legislativa do Ceará de propostas com teor ideológico, nesta quinta-feira (19), gerou embate entre deputados dos dois extremos na Casa. Aliados também ficaram em lados opostos durante todo o dia. No fim das contas, parlamentares inseriram no Calendário Oficial do Estado a Parada da Diversidade Sexual e concederam o título de cidadã cearense à ministra Damares Alves.

Os três projetos do Governo do Estado, por outro lado, ficaram em segundo pleno, e sequer foram questionados pela oposição ou defendidos pela base do governador Camilo Santana. A deputada Silvana Oliveira (PL), autora da proposta que concedeu título de cidadania cearense à Damares, convocou pastores e lideranças evangélicas, e o esposo, o deputado federal Dr. Jaziel (PL), que fizeram “lobby” em favor da matéria.

Já a votação pela inclusão da “Parada Gay” do Ceará no Calendário Oficial do Estado, de autoria do deputado Elmano de Freitas (PT), chegou a dividir a Casa entre favoráveis e contrários ao texto. Pedetistas, petistas, socialistas, comunistas e progressistas ficaram em lados opostos. A bancada religiosa da Casa, por outro lado, se manteve unida até o fim durante a discussão das duas matérias.

Ao término da votação, 18 parlamentares votaram “sim” à proposta de Elmano de Freitas, e 14 “não”, além de uma abstenção, de Antônio Granja (PDT) e “obstrução”, por parte de Salmito Filho (PDT). Salmito, inclusive, chegou a fazer encaminhamento buscando o consenso pela bancada governista do PDT, mas nem isso sensibilizou seus pares, que votaram favoráveis à matéria petista.

Já os membros do Progressistas na Casa fecharam questão e votaram contra. Os “socialistas brasileiros”, membros do PSB, não se uniram na votação, visto que Audic Mota foi contrário e Nizo Costa favorável.

O clima esquentou quando o deputado Apóstolo Luiz Henrique chamou de “imundície” o que, segundo ele, ocorria durante a chamada Parada Gay. Elmano retrucou e disse que “imundície” era o que praticava o colega.

A discussão do assunto fez até o deputado David Durand (PRB), que pouco participa dos debates da Casa, se manifestar. Durand, que é pastor evangélico, disse que não era homofóbico, pois muitos dos membros de sua igreja, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), são gays. Apóstolo Luiz Henrique, por sua vez, apresentou à Casa uma foto de um casal que, segundo ele, é formado por um “ex-gay e uma ex-lésbica”.

                 

Servidores da AL levam a refeição que será servida aos deputados, no intervalo da sessão. Foto: Blog do Edison Silva.

Almoço

Depois da votação foi servido um almoço para os deputados na sala ao lado do gabinete da presidência da Casa, próximo ao plenário. No segundo embate do dia (o primeiro foi a inclusão da Parada Gay no calendário de eventos do Estado do Ceará), a deputada Dra. Silvana estava apreensiva com a possibilidade de evasão dos colegas do Plenário 13 de Maio após o almoço. No entanto, o trabalho de seu marido, Dr. Jaziel, surtiu efeito.

O título de cidadã para a ministra Damares Alves foi aprovado com 22 votos favoráveis, e apenas seis contrários. Membros da chamada “esquerda” na Casa, o PSOL, PCdoB e PT, foram os únicos contrários, totalizando apenas seis votos “não”.

Apóstolo Luiz Henrique, durante entrevista coletiva, chegou a se emocionar depois que Elmano de Freitas disse que era ele quem “praticava imundície”. No fim do embate, Henrique disse que “amava” o colega petista.

Diferenças

A votação do título de cidadã à Damares uniu alguns e separou outros. André Fernandes (PSL) e Dra. Silvana, por exemplo, demonstraram maior entrosamento. Pedetistas e petistas, por outro lado, por questões de disputas ideológicas, ficaram em lados opostos.

Os ex-presidentes da Câmara Municipal de Fortaleza, Acrísio Sena (PT) e Salmito Filho, também protagonizaram um breve embate. O pedetista foi favorável à proposta e o petista contrário.

Alguns deputados registraram presença, mas não participaram da votação da primeira proposta mais polêmica do dia, a que incluía no Calendário Oficial do Estado a Parada Gay. Fernanda Pessoa (PSDB) e Queiroz Filho (PDT), por exemplo, durante votação, estavam participando de outras reuniões fora da Casa.

 

Frases

Não vou dar (título) para quem não merece”Carlos Felipe.

“O que a Damares fez para nosso Estado?”Acrísio Sena.

“Peço licença ao PDT, mas não me presto a este papel. (Dra. Silvana) contou com minha assinatura e contará com meu voto”Salmito Filho.

“Jaziel é meu dono, meu amante, meu companheiro”Dra. Silvana.

“Vamos entregar (o título) no Megatemplo. Vamos reunir todo o povo cristão. Essa é uma vitória do povo do bem”Apóstolo Luiz Henrique.