Deputado federal Domingos Neto

A relação entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados segue conflituosa, apesar do esforço do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de acertar os ponteiros. O deputado federal Domingos Neto (PSD) reconheceu, nesta sexta-feira (03), que o governo federal “tenta mudar a postura”, mas os conflitos sobre a Reforma da Previdência seguem entre os deputados.

Domingos Neto ressaltou o problema da falta de definição sobre como seria feita a transição do modelo de repartição para o modelo de capitalização. O parlamentar chegou a considerar que essa alteração no modelo de aposentadoria possa ser discutida “em um outro momento”. “Existe em paralelo uma discussão, que precisa acontecer mas talvez não agora, talvez em um próximo momento, que é a discussão de capitalização”, afirmou.

“A capitalização tem um custo muito alto para o país. A estimativa é que ela custe R$ 400 bilhões. “Se hoje quem está aposentado recebe da aposentadoria de quem está trabalhando e você muda quem está trabalhando para o regime de capitalização. De onde virá a receita do INSS? Isso custa R$ 400 bilhões, essa transição. O governo precisa considerar esse custo. O governo está dizendo que quer uma reforma de R$ 1 trilhão fazendo uma capitalização de R$ 400 bilhões”, afirmou Domingos.

Mudança de postura

Segundo o parlamentar, hoje o governo já admite a derrota sobre a redução do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e sobre a alteração aposentadoria rural, diante da articulação de um grupo de mais de trezentos deputados que se manifestaram contrários às duas medidas. Mas outros pontos seguem sem consenso sobre a reforma. Um dos desafios para o governo Bolsonaro, para Domingos, é alterar o texto da proposta de forma a facilitar um consenso entre deputados.

“Existem dois consensos: um que o Brasil precisa de uma reforma, e o outro é que o governo não tem os votos para aprová-la. Tem duas articulações. uma articulação de texto onde o governo precisa compreender a realidade do parlamento, não achar que vai, na força, aprovar o texto que ele quer. Não vai passar. E outra é que não vai ser criminalizando a política, ou criminalizando a relação política que vai conseguir voto no congresso.