Silvana, Fernanda e Aderlânia cobraram respeito às mulheres. Foto: Blog do Edison Silva.

A sessão desta sexta-feira (08) da Assembleia Legislativa foi marcada por pronunciamentos alusivos ao Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje. A deputada Aderlânia Noronha (SD), por exemplo, usou a tribuna para lembrar que a data tem origem na luta de mulheres por igualdade de gênero, melhores condições de trabalho e, inclusive, direito ao voto, no final do século XIX e início do século XX, destacando ainda a jornada dupla e até mesmo tripla enfrentada pelas mulheres no dia a dia.

A parlamentar lembrou algumas iniciativas apresentadas durante seu primeiro mandato (2015-2018) em defesa das mulheres, como a criação da Semana Estadual pela Não Violência contra a Mulher, a inserção da Campanha Mais Mulheres na Política no Calendário de Eventos do Estado, criação de postos avançados de Delegacias da Polícia Civil para atendimento de mulheres vítimas de violência e a instituição de medidas de prevenção e combate ao crime de assédio e abuso sexual contra mulheres no transporte público.

A deputada Drª Silvana (PR) também usou a tribuna para homenagear as mulheres e cobrou um combate mais efetivo à violência contra a mulher. A parlamentar defendeu, no pronunciamento, o menor tempo de aposentadoria para mulheres: “não podemos querer nos igualar aos homens. Não somos inferiores, porém não somos iguais. Temos a capacidade de gerar e nos desgastamos naturalmente mais com afazeres em casa e com filhos”. Ela também destacou o projeto que apresentou na semana passada visando a criar galerias em instituições públicas para expor criminosos condenados por violência contra mulher.

“Bater numa mulher não é machismo, é crime mesmo. Como é que começa o feminicídio? Começa no bater. A mulher é o saco de pancada, porque ela tem que apanhar porque ela é mulher, e eu sou homem. Não. Quando a sociedade começar a repudiar isso, expor esses homens, eu tenho certeza que nós teremos a construção de uma nova mentalidade, de uma nova consciência. Eu não aceito falar em cultura machista, eu entendo que machismo não é cultura, machismo é crime”, afirmou a deputada a este blog.

Silvana comentou ainda que a baixa representatividade das mulheres na política, com apenas 15% das cadeiras no Congresso Nacional, deve-se ao fato de as mulheres estarem mais sobrecarregadas com outras atividades ligadas à família. “Os meus filhos imploravam para que eu não entrasse na política e eu só entrei depois que eles estavam bem criadinhos, cada um na sua faculdade, porque realmente o equilíbrio da casa depende muito da mulher”, disse a deputada.

A deputada Fernanda Pessoa (PSDB) também homenageou as mulheres, mas ressaltou que a data é um “dia de luta” por igualdade. “Nós já conquistamos muito, mas ainda temos muito o que lutar para termos a igualdade. Ainda há uma disparidade muito grande entre homens e mulheres, até no mercado de trabalho. Cada dia nós mulheres queremos e buscamos essa igualdade de gênero”, afirmou a parlamentar, que também fez defesa da redução da violência contra a mulher e destacou a necessidade de se “trabalhar o agressor” para que se chegue à redução desses índices de violência.

Além de Aderlânia, Silvana e Fernanda, compõem a bancada feminina na Assembleia as deputadas Érika Amorim (PSD), Patrícia Aguiar (PSD) e Augusta Brito (PCdoB). Os deputados estaduais Nizo Costa (Patriota), Apóstolo Henrique (PP), Fernando Santana (PT), Acrísio Sena (PT), Elmano Freitas (PT), Moisés Braz (PT), Danniel Oliveira (MDB), Renato Roseno (PSOL) e Soldado Noelio (PROS) também prestaram homenagens às mulheres na Assembleia.

Estatísticas

Segundo estudo de Estatísticas de Gênero, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2018, as mulheres trabalham três horas por semana a mais do que os homens, possuem nível educacional mais alto e ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens. Essas horas abrangem trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas ‒ nas duas últimas ocupações, elas dedicam 73% a mais de horas do que os homens, chegando, em média, a 18 horas semanais.

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública – 2018, produzido pelo Fórum de Segurança Pública, indicam que 4.539 mulheres foram mortas em 2017 e uma média de 530 por dia acionaram a Lei Maria da Penha no Brasil.
O levantamento aponta ainda que foram registrados uma média de 164 casos de estupros por dia, chegando a mais de 60 mil por ano, número que deve ser maior, uma vez que o crime é subnotificado em todo o País.